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Revista GC - Ed.10 - Novembro 2010
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Artigo

Aposta no passado compromete o futuro

São animadoras as estimativas que acabam de ser divulgadas pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) quanto aos investimentos estrangeiros diretos (IED) na região em 2010. Seu volume deverá alcançar US$ 100 bilhões, retornando ao patamar verificado antes da grande crise mundial. O crescimento em relação ao ano passado deverá chegar a quase 50%.

A retomada é ainda mais importante se considerarmos que, no exercício anterior, verificou-se queda de 42%, conforme consta do estudo “O investimento estrangeiro direto na América Latina e Caribe 2009”, divulgado pela Cepal no início de maio. O relatório aponta que o Brasil continuou sendo o principal destino dos recursos, seguido pelo Chile, México, Colômbia e Argentina. Os Estados Unidos, Espanha e Canadá, pela ordem, seguiram como os maiores investidores.

A boa notícia contida no estudo não esconde, entretanto, duas tendências preocupantes. A primeira refere-se à queda dos aportes no setor primário, em especial nos segmentos agrícola e mineral. A segunda diz respeito ao fato de a maioria dos investimentos destinados à indústria concentrar-se em atividades de intensidade tecnológica baixa e média.

As duas vertentes, se analisadas com senso de realismo, mostram que boa parte dos investidores do mundo desenvolvido ainda entende a América Latina como provedora de matérias-primas, commodities de baixo valor agregado e semimanufaturados, em especial insumos industriais. Nem mesmo o avanço do Brasil no agronegócio, incluindo alta tecnologia agrícola e elevado volume de exportações, e em segmentos avançados da indústria, como software e aviões, parece sensibilizar algumas nações quanto às mudanças de perfil de nossa economia e nossa estrutura produtiva.

Os investimentos estrangeiros diretos visam com muita ênfase aos nossos mercados consumidores (por isso privilegiam os serviços) e nossos recursos naturais. Tal expectativa evidencia que, a despeito de todos os avanços da chamada Terceira Revolução Industrial e da nova estrutura de produção segmentada da globalização, persiste a anacrônica imagem do Hemisfério Sul exportador de produtos de baixo valor agregado e importador de bens de consumo sofisticados. Aliás, esse olhar anacrônico persistente


São animadoras as estimativas que acabam de ser divulgadas pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) quanto aos investimentos estrangeiros diretos (IED) na região em 2010. Seu volume deverá alcançar US$ 100 bilhões, retornando ao patamar verificado antes da grande crise mundial. O crescimento em relação ao ano passado deverá chegar a quase 50%.

A retomada é ainda mais importante se considerarmos que, no exercício anterior, verificou-se queda de 42%, conforme consta do estudo “O investimento estrangeiro direto na América Latina e Caribe 2009”, divulgado pela Cepal no início de maio. O relatório aponta que o Brasil continuou sendo o principal destino dos recursos, seguido pelo Chile, México, Colômbia e Argentina. Os Estados Unidos, Espanha e Canadá, pela ordem, seguiram como os maiores investidores.

A boa notícia contida no estudo não esconde, entretanto, duas tendências preocupantes. A primeira refere-se à queda dos aportes no setor primário, em especial nos segmentos agrícola e mineral. A segunda diz respeito ao fato de a maioria dos investimentos destinados à indústria concentrar-se em atividades de intensidade tecnológica baixa e média.

As duas vertentes, se analisadas com senso de realismo, mostram que boa parte dos investidores do mundo desenvolvido ainda entende a América Latina como provedora de matérias-primas, commodities de baixo valor agregado e semimanufaturados, em especial insumos industriais. Nem mesmo o avanço do Brasil no agronegócio, incluindo alta tecnologia agrícola e elevado volume de exportações, e em segmentos avançados da indústria, como software e aviões, parece sensibilizar algumas nações quanto às mudanças de perfil de nossa economia e nossa estrutura produtiva.

Os investimentos estrangeiros diretos visam com muita ênfase aos nossos mercados consumidores (por isso privilegiam os serviços) e nossos recursos naturais. Tal expectativa evidencia que, a despeito de todos os avanços da chamada Terceira Revolução Industrial e da nova estrutura de produção segmentada da globalização, persiste a anacrônica imagem do Hemisfério Sul exportador de produtos de baixo valor agregado e importador de bens de consumo sofisticados. Aliás, esse olhar anacrônico persistente em parte do mundo desenvolvido também é diagnosticado pelo ex-primeiro-ministro italiano Massimo D’Alema. Em recente visita à Fiesp, ele salientou que a Europa mantém uma visão antiquada da economia e que precisava prestar mais atenção no Hemisfério Sul.

O Brasil, seguido por algumas nações, como o Chile e Argentina, é a própria antítese do renitente conceito. Mantém-se, sim, como grande provedor agropecuário, mas com alta tecnologia e eficiência, conciliando a produção de alimentos com a de biocombustíveis, em especial o etanol. Ademais, o País tem segmentos industriais de ponta, é autossuficiente em petróleo e tem a maior reserva hídrica.

Ou seja, estamos prontos para a nova era da economia mundial, que será marcada pela produção mais limpa e alta valorização dos alimentos, da água e dos combustíveis renováveis. Não há dúvida de que nesses itens encontram-se as melhores oportunidades de investimentos, com retorno absolutamente garantido pela realidade de um mundo cada vez mais carente de comida, água, energia e salubridade ambiental. Assim, quem continua apostando em teses dos séculos passados pode comprometer o próprio futuro....

*João Guilherme Sabino Ometto, engenheiro (EESC/USP), é presidente do Grupo São Martinho e vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)

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