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Revista GC - Ed.9 - Setembro 2010
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Entrevista

Com R$ 1,1 bi em caixa, Mills consolida metas de crescimento

Grupo não descarta a possibilidade de adquirir empresas, desde que seja para agregar tecnologias diferenciadas ou para acelerar expansão geográfica

A carioca Mills, com mais de 58 anos de atuação no mercado brasileiro, oferecendo soluções de engenharia, ganhou fôlego de adolescente, no início deste ano, ao concluir com sucesso, a operação de abertura de capital com lançamento de ações em bolsa. Nesta operação foram captados nada menos de R$ 1,1 bilhão, que serão usados para financiar um programa de crescimento até 2012.

Os recursos financiarão a compra de equipamentos, aquisição de novas tecnologias, avanço geográfico em regiões onde a empresa não tinha presença tão forte e talvez até na aquisição de novas empresas, se isso representar a consolidação em mercados estratégicos. Um dos focos da empresa, que conta com quatro áreas de negócios – Serviços Industriais, Rental, Construção Pesada e Jahu – será o setor de petróleo e gás, o qual a empresa crê que reserva grande crescimento, nos próximos anos. Para se ter uma idéia, do primeiro semestre do ano passado para o primeiro semestre deste ano, a participação da Mills neste segmento, que era da ordem de 30%, passou para 47%.

Nesta entrevista, Ramon Vazques, presidente da empresa, analisa o mercado brasileiro, fala das metas de crescimento da empresa e comenta sua estratégia para melhorar a oferta de produtos e serviços ao mercado.

Grandes Construções – No início do ano, a Mills abriu seu capital, colocando à venda cerca de 51 milhões de ações, com o objetivo de captar R$ 1,1 bilhão, para financiar um projeto de crescimento de médio prazo. Os objetivos foram atingidos plenamente? Não se tem notícias de outra empresa de engenharia que tenha feito o mesmo. Isso foi um complicador nesse processo?

Ramon Vazquez – Eu diria que uma das maiores dificuldades que enfrentamos, nesse processo de abertura do capital, foi justamente o fato de não haver comparativos no mercado. Não havia outras empresas da atividade de serviços de engenharia que tivesse feito o mesmo. Nem no Brasil, nem no exterior. Portanto, nada podia ser comparado


Grupo não descarta a possibilidade de adquirir empresas, desde que seja para agregar tecnologias diferenciadas ou para acelerar expansão geográfica

A carioca Mills, com mais de 58 anos de atuação no mercado brasileiro, oferecendo soluções de engenharia, ganhou fôlego de adolescente, no início deste ano, ao concluir com sucesso, a operação de abertura de capital com lançamento de ações em bolsa. Nesta operação foram captados nada menos de R$ 1,1 bilhão, que serão usados para financiar um programa de crescimento até 2012.

Os recursos financiarão a compra de equipamentos, aquisição de novas tecnologias, avanço geográfico em regiões onde a empresa não tinha presença tão forte e talvez até na aquisição de novas empresas, se isso representar a consolidação em mercados estratégicos. Um dos focos da empresa, que conta com quatro áreas de negócios – Serviços Industriais, Rental, Construção Pesada e Jahu – será o setor de petróleo e gás, o qual a empresa crê que reserva grande crescimento, nos próximos anos. Para se ter uma idéia, do primeiro semestre do ano passado para o primeiro semestre deste ano, a participação da Mills neste segmento, que era da ordem de 30%, passou para 47%.

Nesta entrevista, Ramon Vazques, presidente da empresa, analisa o mercado brasileiro, fala das metas de crescimento da empresa e comenta sua estratégia para melhorar a oferta de produtos e serviços ao mercado.

Grandes Construções – No início do ano, a Mills abriu seu capital, colocando à venda cerca de 51 milhões de ações, com o objetivo de captar R$ 1,1 bilhão, para financiar um projeto de crescimento de médio prazo. Os objetivos foram atingidos plenamente? Não se tem notícias de outra empresa de engenharia que tenha feito o mesmo. Isso foi um complicador nesse processo?

Ramon Vazquez – Eu diria que uma das maiores dificuldades que enfrentamos, nesse processo de abertura do capital, foi justamente o fato de não haver comparativos no mercado. Não havia outras empresas da atividade de serviços de engenharia que tivesse feito o mesmo. Nem no Brasil, nem no exterior. Portanto, nada podia ser comparado ao nosso caso. Os bancos que nos assessoraram tentaram, logo no início do processo, encontrar um caso semelhante, como referência, e não conseguiram. Hoje, na Bolsa de Valores, é possível encontrar mais de 20 construtoras ou incorporadoras, mas nenhuma empresa de serviços de engenharia, como a Mills. E essa falta de parâmetro para comparação foi a primeira grande dificuldade que enfrentamos pra ir à Bolsa. Outra dificuldade foi o fato de nós termos quatro negócios, com características diferentes, dentro da mesma empresa. A divisão de Serviços Industriais, por exemplo, é intensiva de mão de obra. As outras são intensivas de capital. São praticamente quatro empresas diferentes. E isso foi bem difícil.

GC – O momento escolhido para o lançamento das ações foi o mais oportuno?

Ramon Vazquez – Não, pelo contrário, quando nós fomos para o mercado, no início deste ano, estava ficando muito ruim. Tanto que o nosso IPO (N.R.: em inglês, sigla para Initial Public Offering, ou oferta pública inicial, usada para designar o evento que marca a primeira venda de ações de uma empresa no mercado) aconteceu cerca de 10 dias depois do IPO do Eike Batista, que teve aquele problema sério, e teve que ser reprecificado, o que causou uma forte frustração de expectativa no mercado.

GC – O senhor se refere à abertura de capital da OSX, a quinta companhia do empresário Eike Batista a ir para a bolsa, não é? A maioria dos analistas e gestores de recursos concluiu que o negócio era bom, mas que o preço por ação indicado no prospecto do IPO era alto demais.

Ramon Vazquez – E se você prestar atenção, das sete empresas que fizeram IPO esse ano, somente duas conseguiram resultados dentro da faixa de preço que esperavam. Essas duas fomos nós e a EcoRodovias. Nós tínhamos colocado o mínimo de R$ 11,50 como preço de cada ação e foi exatamente o que conseguimos. Outras cinco empresas que entraram em Bolsa no mesmo momento, tiveram que usar outra referência de preço. Além disso, nós lançamos nossas ações duas semanas antes da crise na Europa, que fez com que o mercado se fechasse. Tanto que todo mundo ficou esperando o resultado do lançamento das ações da Petrobras, para fazer seus lançamentos. Por tudo isso, consideramos que a nossa operação foi uma grande vitória.

GC – Então, pode-se dizer que o IPO da Mills foi o último com pleno sucesso da “safra” anterior ao lançamento das ações da Petrobras?

Ramon Vazquez – Exatamente.

GC – A que o senhor atribui esse sucesso?

Ramon Vazquez – Antes do lançamento nós fizemos um road show, foram mais de 70 reuniões, não só no Brasil, mas principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, com investidores e representantes de fundos de investimentos. Tanto que desse IPO 37% foram de investidores brasileiros e os restantes 63% foram investidores do exterior. Então, respondendo à sua pergunta, eu diria que pesou muito favoravelmente o fato da empresa ter 58 anos de existência, um nome muito forte no mercado e um relacionamento muito grande com o mercado Brasileiro. Também teve grande peso ela já ter padrões de governança. Desde 1975 os balanços da Mills são revisados por grandes empresas de auditoria internacional. Além disso, a empresa já tinha um conselho formado, já tinha a participação de Private Equity no conselho. (N.R.: Private Equity é um tipo de atividade financeira realizada por instituições que investem essencialmente em empresas que ainda não são listadas em bolsa de valores, com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento. Geralmente são realizados em empresas emergentes de maior porte, com grande potencial). Ou seja, já existia uma grande transparência na empresa, bem antes do lançamento das ações. O mais comum é que as empresas que vão para IPO se preparem poucos meses antes do lançamento. Esse não foi o nosso caso.

GC – O senhor não acha que a visão dos investidores internacionais em relação ao futuro do Brasil também foi um fator muito favorável?

Ramon Vazquez – Sem dúvida nenhuma. E nós ocupamos uma posição muito interessante nesse cenário, porque atuamos no mercado de infraestrutura; no mercado de construção predial, tanto residencial como comercial; e no mercado industrial, especialmente de óleo e gás. São áreas de muito crescimento. Os investidores percebem que nós estamos fortemente inseridos nesses segmentos que estão tendo e vão ter um crescimento muito grande.

GC – Isso certamente fortaleceu o interesse do mercado pelas ações da Mills.

Ramon Vazquez – Acredito que sim. E certamente, se não tivéssemos esse IPO nós encontraríamos dificuldades em acompanhar as necessidades desses mercados. Em 2010, 2011 e 2012 nós estaremos investindo R$ 1,1 bilhão nos nossos negócios. É um investimento extremamente expressivo.

GC – Esses recursos já têm destinação certa, por área de negócios, ou os investimentos acontecerão gradativamente, de acordo com as reações do mercado?

Ramon Vazquez – Nós temos um business plan de cinco anos, baseado na nossa estratégia, dentro da nossa visão de mercado. Obviamente isso pode variar um pouco, sofrendo eventuais correções de rota, mas temos a nossa linha de ação e a nossa idéia é de nos próximos três anos investir cerca de 30% deste valor nas divisões Rental, Construção Pesada (infraestrutura, portos, barragens, rodovias etc) e Jahu. Os 10% restantes serão investidos na área de Serviços Industriais, que não é tão intensiva em capital, como eu disse antes. Trata-se de uma área de negócios mais intensiva em mão de obra. Hoje nós temos 4 mil funcionários na companhia, sendo que 2.800 estão nesta área de Serviços Industriais. Foi uma distribuição coerente com a demanda que nós enxergamos desses mercados, mas como disse, pode variar um pouco. A divisão Jahu, por exemplo, que trabalha com escoramentos, formas e andaimes, no segmento da construção predial residencial e comercial, era uma empresa que nós compramos em 2008, com mais de 40 anos de atuação nesse mercado, no Brasil. E nós estamos fazendo investimentos pesadíssimos nela. Isso porque vislumbramos um crescimento da ordem de 50% ao ano. E isso vai exigir uma pesada alocação de capital.

GC – Dentro deste programa de investimentos, os senhores têm previsão de aquisição de novas empresas, para consolidar a posição da Mills nos vários mercados?

Ramon Vazquez – Esse programa de R$ 1,1 bilhão será todo voltado para a compra de equipamentos. Não há previsão de nenhuma nova aquisição, embora nós estejamos estudando algumas possibilidades e possamos vir a fazer aquisições. Temos um cuidado muito grande porque nosso foco é o crescimento orgânico. Só vamos adquirir alguma empresa se for para agregar tecnologia diferenciada, ou para acelerar a expansão geográfica em uma região específica, visando crescer mais rapidamente nesta região. E, obviamente, desde que seja uma operação que faça sentido financeiramente.

GC – Nessa área de Serviços Industriais, que, como o senhor mesmo falou, não demanda capital tão intensivo, os investimentos serão em quê? Capacitação de mão de obra, por exemplo?

Ramon Vazquez – Nessa área nós trabalhamos em atividades como pintura industrial, isolamento térmico e acessos, que exigem grandes andaimes para atividades em plataformas de petróleo, siderúrgicas e refinarias, por exemplo. Tanto na manutenção como na construção. Aí é necessário capital, não somente para capacitar as pessoas, mas principalmente para equipamentos. São andaimes modernos, de alumínio, com novas tecnologias de fixação, máquinas de jateamento, pintura, tratamento de superfície etc.

GC – Na área de construção naval, por exemplo, acredita-se que a demanda será muito grande nos próximos anos, para atender a todo o esforço de prospecção e exploração do petróleo e gás.

Ramon Vazquez – Nesta área de negócios, de Serviços Industriais, nós trabalhamos tanto na manutenção quanto na construção de plantas novas, nos setores de papel e celulose, siderurgia, petroquímica e o segmento de óleo e gás, que é, de acordo com a nossa percepção, o que nos reserva um crescimento maior nos próximos anos. Para se ter uma idéia, do primeiro semestre do ano passado para o primeiro semestre deste ano, a nossa participação neste segmento, que era da ordem de 30%, passou para 47%. E a tendência é este segmento crescer mais ainda. Há um mundo de oportunidades nesta área, e está só começando.

GC – Já que o senhor tocou na questão da participação em segmentos, qual é a participação que cada área de negócios tem no volume de negócios do grupo Mills?

Ramon Vazquez – No primeiro semestre deste ano, em relação à receita líquida, a divisão de Construção Pesada representou 32%; a divisão de Serviços Industriais teve uma participação de 35%; a Jahu respondeu por 17%; e a Rental, 16%. É bom destacar que tanto a divisão de Rental quanto a Jahu estão crescendo muito mais rapidamente que as outras.

GC – São segmentos mais novos dentro do grupo, não é? Assim como a Jahu, a Rental foi um segmento que a Mills retomou recentemente.

Ramon Vazquez – Isso mesmo, retomamos agora, em janeiro de 2009. E já somos a número um do mercado.

GC – Quais as expectativas de crescimento do segmento de locação para os próximos anos, no Brasil?

Ramon Vazquez – Nós achamos que a tendência no Brasil, assim como em outros países desenvolvidos, é a tendência pró-rental. A participação da locação em mercados como o da Inglaterra é de 80%. Ou seja, 80% do que é fabricado em equipamentos vai para o rental, enquanto que somente 20% vão para frota própria. No Japão, esse índice pró-rental é 60%. Nos Estados Unidos é 40% e vem crescendo. No Brasil, estamos na faixa de 15%, no máximo. Na minha visão, a tendência natural é que cada vez mais a locação prevaleça nas empresas brasileiras. Primeiramente porque investir em frota não é a sua atividade-fim. O que leva uma construtora a comprar um equipamento é o fato de ele ser muito específico, o que faz com que ela não consiga obtê-lo no mercado, ou o fato dela não ser bem atendida pelas empresas de locação. Outra situação é quando essa construtora tem uma obra de longo prazo, tipo de cinco anos, e para ela é mais interessante comprar o equipamento. Seria o caso da construção de uma barragem como a de Belo Monte. Isso porque ao longo da obra o equipamento se paga e pode ser vendido no final da obra. Normalmente as construtoras preferem ficar com equipamentos menores, mais leves, que lhes dão mais mobilidade.

GC – Esse business plan, que o senhor citou, contempla ampliação da rede nacional de distribuição, manutenção e pós-venda da empresa?

Ramon Vazquez – Pela característica do nosso negócio, nós não trabalhamos com representantes nem temos distribuidores. Só temos filiais próprias, com pessoal próprio. Hoje nós estamos abrindo três filiais novas da Jahu, por exemplo, em Salvador, Vitória e Recife. Na área de Rental, agimos da mesma forma. Em cada filial própria nós disponibilizamos técnicos, pessoal de manutenção que vai a campo dar assistência às máquinas, peças de reposição etc. Um pouco antes do IPO nós estávamos muito concentrados no Sudeste – basicamente Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. Hoje estamos presentes em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraná. Estamos indo para o Ceará, Maranhão, Pará, Amazonas e Goiás. Quando se trata das áreas de Rental e Jahu, a presença nas regiões é ainda mais importante, do ponto de vista do diferencial competitivo. Não adianta você estar instalado em Recife e querer participar de uma obra em Fortaleza. Nessas duas divisões você não consegue. Se você não está no local, você não faz negócio. No ano passado nós tínhamos 20 filiais. E pretendemos, até o final de 2011, ter 38 filiais em todo o Brasil.

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