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Revista GC - Ed.61 - Julho 2015
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Editorial

Cuidar do lixo, um desafio das cidades modernas

Até o ano de 2050, estima-se que cerca de 70% da população do planeta viverá em cidades. Esse tsunami humano, se deslocando em direção aos grandes e médios aglomerados urbanos, deverá causar fortes impactos sobre a qualidade de vida dos cidadãos, incidindo diretamente sobre serviços como saúde, transporte, educação, fornecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de lixo. Mesmo hoje, os transtornos gerados pelo crescimento urbano desordenado já são enormes e não param de crescer. Os 3,5 bilhões de habitantes urbanos consomem 75% da energia disponível e concentram 80% das emissões de gases que causam o efeito estufa. As megacidades são os principais cenários deste drama.

Um dos grandes problemas enfrentados hoje nos países, de um modo geral, é o grande volume de resíduos sólidos gerados. No Brasil são produzidos, atualmente, cerca de 241 mil toneladas de resíduos diariamente, sendo que apenas 63% dos domicílios contam com coleta regular de lixo.

Do total de resíduos coletados no País, 76% são dispostos a céu aberto; 13% são destinados a aterros controlados; 11% são levados para aterros sanitários; 0,9% vão para usinas de compostagem; 0,1% são incinerados e uma parcela ínfima é recuperada em centrais de reciclagem/beneficiamento para reciclagem. Os números provam como estamos atrasados em termos de mudanças estruturais, capazes de reduzir o volume de resíduos gerados.

Eles comprovam, ainda, a falta de políticas de estado voltadas para o reaproveit


Até o ano de 2050, estima-se que cerca de 70% da população do planeta viverá em cidades. Esse tsunami humano, se deslocando em direção aos grandes e médios aglomerados urbanos, deverá causar fortes impactos sobre a qualidade de vida dos cidadãos, incidindo diretamente sobre serviços como saúde, transporte, educação, fornecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de lixo. Mesmo hoje, os transtornos gerados pelo crescimento urbano desordenado já são enormes e não param de crescer. Os 3,5 bilhões de habitantes urbanos consomem 75% da energia disponível e concentram 80% das emissões de gases que causam o efeito estufa. As megacidades são os principais cenários deste drama.

Um dos grandes problemas enfrentados hoje nos países, de um modo geral, é o grande volume de resíduos sólidos gerados. No Brasil são produzidos, atualmente, cerca de 241 mil toneladas de resíduos diariamente, sendo que apenas 63% dos domicílios contam com coleta regular de lixo.

Do total de resíduos coletados no País, 76% são dispostos a céu aberto; 13% são destinados a aterros controlados; 11% são levados para aterros sanitários; 0,9% vão para usinas de compostagem; 0,1% são incinerados e uma parcela ínfima é recuperada em centrais de reciclagem/beneficiamento para reciclagem. Os números provam como estamos atrasados em termos de mudanças estruturais, capazes de reduzir o volume de resíduos gerados.

Eles comprovam, ainda, a falta de políticas de estado voltadas para o reaproveitamento do lixo e resíduos sólidos. O recém-criado Plano Nacional de Saneamento Básico, que deverá pautar os projetos de políticas públicas para o setor pelos próximos quatro anos, é testemunho dessa omissão. Em momento algum, o documento associa ciência e tecnologia com esgoto e resíduos sólidos, com o objetivo de promover o aproveitamento energético dos restos que descartamos. Mesmo sabendo que biorreatores e biodigestores podem transformar material orgânico em energia, via digestão anaeróbia ou aeróbia realizada por bactérias.

No Japão, 62% do lixo vira energia. Na Suiça, 59%; na França, 37%. No Brasil, 0%. Bastaria pegar o metano gerado pelo processo de decomposição do lixo orgânico, encanar o gás e abastecer casas e indústrias, por exemplo. Há mais de 50 anos, os chineses empregam esse método utilizando biodigestores.

Coleta seletiva e destinação adequada do lixo devem ser encaradas, daqui pra frente, como questões estratégicas, a exemplo de outras como habitação popular, política energética, segurança pública, mobilidade urbana, distribuição e consumo de água. Suas vantagens não poderão ser ignoradas pelos governantes, já que resultam na diminuição da exploração de recursos naturais renováveis e não renováveis; na redução do consumo de energia; na erradicação de doenças e na diminuição da poluição do solo, água e ar.

Uma política adequada para o setor prolonga a vida útil dos aterros sanitários, melhora a qualidade do composto produzido a partir de matéria orgânica, promove a limpeza da cidade; diminui o desperdício e o custo da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias.

Isso sem falar na geração de empregos e na oportunidade de fortalecimento das organizações comunitárias.

É importante que a coleta seletiva passe a fazer parte da vida do cidadão e que ele assuma efetivamente o papel de sujeito na sua relação com a coletividade e com a municipalidade. Mas essa ação do indivíduo tem que estar amparada por políticas públicas eficientes, para que tenham o resultado desejado. Caso contrário nosso futuro vai para o lixo.

Paulo Oscar Auler Neto

Vice-presidente da Sobratema

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