P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista GC - Ed.65 - Nov/Dez 2015
Voltar
Memória

Há 40 anos, iniciava-se a obra da usina de Itaipu, épico da Engenharia brasileira

O momento ficou eternizado na memória do barrageiro Hugo José Ribas Branco, reproduzida em matéria do Jornal de Itaipu

Momento histórico em Itaipu, com a chegada de equipamentos

Há exatos 40 anos começava uma jornada épica, que culminou na construção daquela que se tornaria a maior hidrelétrica do planeta. Em 20 de outubro de 1975, Itaipu ainda não passava de um ambicioso projeto. Muitos duvidavam da sua conclusão. Indiferente aos incrédulos e animado pelo desafio, o engenheiro Hugo José Ribas Branco foi um dos poucos trabalhadores a testemunhar o primeiro dia de obra na megausina que, no futuro, bateria sucessivos recordes de geração de energia. Em mensagem à Divisão de Imprensa, Ribas resgatou lembranças daquele momento histórico. Na ocasião, a estrutura da Binacional se resumia a alguns escritórios auxiliares, acampamento pioneiro, almoxarifado, refeitório, alojamento e posto de combustíveis – construídos a partir de 1974. No espaço que hoje abriga a usina, ainda não havia nenhuma obra civil. Mata fechada, Rio Paraná em seu curso natural: a paisagem era a mesma moldada há milhares de anos. Até aquele dia. Em sua mensagem, Ribas fala sobre a breve antecipação da data para o início da obra e da sua relação com os operários presentes naquele dia memorável. Inflamado pelo tamanho da empreitada, ele era um dos poucos cientes, no local, do que estava prestes a acontecer. Ribas também testemunhou a conclusão da obra: trabalhou na Unicon até dezembro de 1985 e esteve na usina até 1986. Não voltou mais à usina, nem como visitante. Mas aqueles dias de trabalho árduo sob o sol a pino permanecem vivos em sua memória, assim como na de muita gente. “Gostaria de registrar o envolvimento dos milhares e milhares de brasileiros e paraguaios, heróis anônimos da construção da hidrelétrica de Itaipu”, diz o engenheiro, atualmente diretor de Operações da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).

Manda brasa, Ribas

“40 anos do início da construção da Hidrelétrica de Itaipu". Estou contatando os amigos, pois não poderia deixar de registrar os 40 anos da construção civil da Hidrelétrica de Itaipu, iniciada no dia 20 de outubro de 1975. Por uma coincidência histórica coube-me a honra de iniciar a obra nessa data. Como Engenheiro Residente da CBPO,


Momento histórico em Itaipu, com a chegada de equipamentos

Há exatos 40 anos começava uma jornada épica, que culminou na construção daquela que se tornaria a maior hidrelétrica do planeta. Em 20 de outubro de 1975, Itaipu ainda não passava de um ambicioso projeto. Muitos duvidavam da sua conclusão. Indiferente aos incrédulos e animado pelo desafio, o engenheiro Hugo José Ribas Branco foi um dos poucos trabalhadores a testemunhar o primeiro dia de obra na megausina que, no futuro, bateria sucessivos recordes de geração de energia. Em mensagem à Divisão de Imprensa, Ribas resgatou lembranças daquele momento histórico. Na ocasião, a estrutura da Binacional se resumia a alguns escritórios auxiliares, acampamento pioneiro, almoxarifado, refeitório, alojamento e posto de combustíveis – construídos a partir de 1974. No espaço que hoje abriga a usina, ainda não havia nenhuma obra civil. Mata fechada, Rio Paraná em seu curso natural: a paisagem era a mesma moldada há milhares de anos. Até aquele dia. Em sua mensagem, Ribas fala sobre a breve antecipação da data para o início da obra e da sua relação com os operários presentes naquele dia memorável. Inflamado pelo tamanho da empreitada, ele era um dos poucos cientes, no local, do que estava prestes a acontecer. Ribas também testemunhou a conclusão da obra: trabalhou na Unicon até dezembro de 1985 e esteve na usina até 1986. Não voltou mais à usina, nem como visitante. Mas aqueles dias de trabalho árduo sob o sol a pino permanecem vivos em sua memória, assim como na de muita gente. “Gostaria de registrar o envolvimento dos milhares e milhares de brasileiros e paraguaios, heróis anônimos da construção da hidrelétrica de Itaipu”, diz o engenheiro, atualmente diretor de Operações da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema).

Manda brasa, Ribas

“40 anos do início da construção da Hidrelétrica de Itaipu". Estou contatando os amigos, pois não poderia deixar de registrar os 40 anos da construção civil da Hidrelétrica de Itaipu, iniciada no dia 20 de outubro de 1975. Por uma coincidência histórica coube-me a honra de iniciar a obra nessa data. Como Engenheiro Residente da CBPO, da Presa Iguazu no Paraguai, uma represa em construção para otimizar o reservatório e a energia gerada pela Hidrelétrica de Acaray, recebi orientação de São Paulo, do Engenheiro Francisco Fortes Filho, da CBPO e já designado como Diretor Superintendente da Unicon, para me deslocar para o Canteiro de Itaipu. Até então o local abrigava os escritórios provisórios dos engenheiros, técnicos e pessoal administrativo da Itaipu Binacional na margem esquerda do Rio Paraná (lado brasileiro).

Assim, no dia 17 de outubro de 1975, sexta feira, me dirigi para o ‘Canteiro da Margem Esquerda’, com meu encarregado geral de terraplenagem na Presa Iguazu, Francisco Córdoba Filho, o ‘Chiquinho’, um PHD em terraplenagem. No local se encontravam cinco tratores D8 K, cada um de propriedade de um dos cinco cotistas da Unicon (CBPO, Camargo Correa, Mendes Junior, Cetenco, Andrade Gutierrez).

Presentes, o responsável por cada equipamento, encarregados de terraplanagem dos cotistas. Chegando ao local me apresentei ao engenheiro José Roberto Monteiro, Superintendente da Itaipu Binacional. Monteiro explicou que, conforme o contrato firmado para a execução da obra, o início estava previsto para terça feira, dia 21 de outubro de 1975. Comentei: por que não iniciarmos na segunda feira, dia 20 de outubro? Monteiro concordou.

Informei que as providências iniciais e formais para o início da obra estariam a cargo dos diretores da Unicon, com chegada prevista para o dia 20 de outubro, à tarde. Comentei que não dispunha de equipe de topografia: era necessário a marcação do eixo do canal de desvio por onde se iniciaria o desmatamento, primeira atividade da execução da obra. O engenheiro Monteiro respondeu: ‘Sem problemas, a topografia de Itaipu fará a locação do eixo do canal de desvio’.

O Diretor de Produção da Unicon era o engenheiro Luiz Carlos Dominici Alves, oriundo da Construtora Mendes Junior. Ainda não o conhecia. Liguei para Belo Horizonte e relatei o combinado com o engenheiro Monteiro para iniciar a obra um dia antes do previsto em contrato. O engenheiro Luiz Carlos respondeu: ‘Manda brasa, Ribas’.

Na manhã de segunda feira, dia 20 de outubro de 1975, cheguei ao local onde os cinco tratores estavam estacionados, em uma meia encosta junto a um britador ‘Marajoara’. Ali estavam os cinco encarregados dos cotistas, eu e meu encarregado Chiquinho e mais uns trinta ajudantes de serviços gerais. Rigorosamente às 07:00 horas da manhã solicitei que os operadores (encarregados, na verdade) acionassem os motores dos D8-K. Foi quando me ocorreu: as pessoas ali presentes teriam noção que estavam por iniciar a construção da maior hidrelétrica do mundo? Com certeza não. ‘Desliguem os motores.  Subi em cima de um D8 K. “Meu filho, você sabe o que estamos iniciando neste momento?’

‘Não senhor.’ “E você, meu filho, sabe o que estamos iniciando neste momento?’ ‘Não senhor.’

Com as palavras mais simples possíveis, expliquei que, por uma coincidência histórica, eles, presentes naquele local, iriam iniciar a construção da maior hidrelétrica do mundo. Acredito que todos entenderam a mensagem. Os tratores foram religados: subimos a meia encosta e acessamos a ‘avenida dos escritórios provisórios da Itaipu Binacional’. Imediatamente uma enorme procissão de ‘capacetes brancos’, funcionários da Itaipu Binacional, ali há vários meses e ávidos por iniciar a obra, se formou e seguiu os cinco tratores.

Chegamos ao eixo do Canal de Desvio. Meu encarregado Chiquinho então orientou: ‘três tratores à direita e dois tratores à esquerda. Podem iniciar os trabalhos’. À tarde, quando chegou a Diretoria da Unicon, alguns hectares do canal de desvio estavam desmatados. Assim, um dia antes do previsto em contrato, no dia 20 de outubro de 1975, há 40 anos, foi iniciada a Construção da Hidrelétrica de Itaipu.

Minhas homenagens ao engenheiro Rubens Viana de Andrade (Itaipu) e ao engenheiro Francisco Fortes Filho (Unicon), os grandes responsáveis pelo longa e vitoriosa batalha da construção dessa gigantesca obra. Estendo minhas homenagens aos ‘Irmão Paraguaios’, nas pessoas dos diretores e amigos da Conempa (Consórcio Paraguaio), engenheiros Juan Carlos Vasmosy, Herman Baumann e Gimenez Gaona Lima.”

 

 

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E

Mais matérias sobre esse tema

Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP

Telefone (11) 3662-4159

© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade