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Revista GC - Ed.12 - Jan/Fev 2011
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Tecnologia da Informação na Construção

Mobilidade nos canteiros de obra

Três estudos apontam possibilidade de uso de novas tecnologias de telecomunicações e tecnologia da informação em campo

O número de celulares superou os 190 milhões de aparelhos em outubro do ano passado, o que permite dizer que a mobilidade atinge uma boa parte dos brasileiros. Na área corporativa, o uso de aparelhos como smartphones, celulares avançados e outros dispositivos, ganha espaço: de aplicações na logística ao rastreamento de frotas, a telefonia móvel está presente em diversos segmentos. No canteiro de obras, no entanto, a tecnologia de mobilidade tem um grande mercado a conquistar. Para saber como a indústria de construção civil tem adotado as redes móveis a seu favor, o Métrica Industrial resolveu ir a campo. Nessa primeira parte do relatório, vamos falar especificamente de três levantamentos feitos por especialistas que avaliaram o uso do TIC, sigla que significa telecomunicações e tecnologia da informação (TI) na área de construção civil. Na próxima edição, traremos os resultados do levantamento exclusivo feito com empresas do setor.

O primeiro trabalho que destacamos é a apresentação do professor Eduardo Marques Arantes, do Departamento de Engenharia de Materiais e Construção da Escola de Engenharia da UFMG. Intitulado Tecnologia da Informação para a Construção Civil, o relatório indica várias barreiras para o uso não tão intensivo de recursos de TIC no setor. O rol de problemas inclui desde a produção de sistemas gráficos sem precisão até a dificuldade de usar ferramentas em rede e compartilhadas.

A pouca escolaridade da mão de obra nos canteiros e a resistência ao uso de TI também podem ser arroladas como fatores negativos. Na área de processos, o especialista da UFMG vê ainda outros problemas como a falta de visão da web como oportunidade para reduzir custos, no caso das compras, e a carência de métodos de gestão de processos, além da falta de padronização na comunicação.

Arantes avalia que a TI é estratégica para a construção civil e que os modelos existentes vão desde os tradicionais, onde os vários profissionais envolvidos em projetos, de arquitetos a instaladores, trabalham com arquivos separados e usam diversas cópias, até extranets de projetos. Nesse último caso, embora as disciplinas envolvidas numa determinada construção mantenham, por exemplo, arquivos em CAD separados, existe uma matriz única que fa


O número de celulares superou os 190 milhões de aparelhos em outubro do ano passado, o que permite dizer que a mobilidade atinge uma boa parte dos brasileiros. Na área corporativa, o uso de aparelhos como smartphones, celulares avançados e outros dispositivos, ganha espaço: de aplicações na logística ao rastreamento de frotas, a telefonia móvel está presente em diversos segmentos. No canteiro de obras, no entanto, a tecnologia de mobilidade tem um grande mercado a conquistar. Para saber como a indústria de construção civil tem adotado as redes móveis a seu favor, o Métrica Industrial resolveu ir a campo. Nessa primeira parte do relatório, vamos falar especificamente de três levantamentos feitos por especialistas que avaliaram o uso do TIC, sigla que significa telecomunicações e tecnologia da informação (TI) na área de construção civil. Na próxima edição, traremos os resultados do levantamento exclusivo feito com empresas do setor.

O primeiro trabalho que destacamos é a apresentação do professor Eduardo Marques Arantes, do Departamento de Engenharia de Materiais e Construção da Escola de Engenharia da UFMG. Intitulado Tecnologia da Informação para a Construção Civil, o relatório indica várias barreiras para o uso não tão intensivo de recursos de TIC no setor. O rol de problemas inclui desde a produção de sistemas gráficos sem precisão até a dificuldade de usar ferramentas em rede e compartilhadas.

A pouca escolaridade da mão de obra nos canteiros e a resistência ao uso de TI também podem ser arroladas como fatores negativos. Na área de processos, o especialista da UFMG vê ainda outros problemas como a falta de visão da web como oportunidade para reduzir custos, no caso das compras, e a carência de métodos de gestão de processos, além da falta de padronização na comunicação.

Arantes avalia que a TI é estratégica para a construção civil e que os modelos existentes vão desde os tradicionais, onde os vários profissionais envolvidos em projetos, de arquitetos a instaladores, trabalham com arquivos separados e usam diversas cópias, até extranets de projetos. Nesse último caso, embora as disciplinas envolvidas numa determinada construção mantenham, por exemplo, arquivos em CAD separados, existe uma matriz única que faz a atualização dos dados. O interessante das extranets é que elas podem ser compartilhadas rapidamente, permitindo reuniões virtuais. Com o avanço da mobilidade, o engenheiro em campo poderá acessar – e compartilhar informações – a partir do canteiro de obra.

Os ganhos observados pelo pesquisador da UFMG foram estudados com detalhes por Fábio Vinicius Peyerl em sua dissertação de mestrado realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Defendido em 2007, o trabalho do pesquisador teve como ponto de partida o investimento das construtoras na melhoria do desempenho de seus projetos, o que inclui os sistemas de gerenciamento de custos. E aí entram as tecnologias de mobilidade, com o uso de aparelhos como o PDA para coletar informações em campo. “Devido a características próprias da construção civil, onde os trabalhos não ocorrem numa linha de produção e sim num canteiro de obras, o controle dos custos torna-se um ponto importante desse sistema”, explica Peyerl na dissertação. De acordo com ele, sua pesquisa concentrou-se nos requisitos do sistema de informações necessários para coleta de dados que permitissem o controle de custos e trouxessem inputs gerenciais mais adequados, assim como ferramentas mais coerentes para uso em campo.

O sistema desenvolvido pelo engenheiro paranaense utiliza as tecnologias de extranets para tarefas de configuração e organização do planejamento e cronograma e computadores de mão (PDA) para a coleta de informações no canteiro de obras. De acordo com ele, “concluiu-se que a estrutura do sistema desenvolvido permite o controle de custos integrado aos processos de planejamento e controle”. O especialista também observou que a extranet permitiu a difusão dos dados coletados da obra até o escritório da construtora, sendo que o papel dos PDAs foi fundamental no processo de coleta de informações.

Peyerl aplicou na prática os conceitos, realizando um estudo de caso com uma construtora de Curitiba (PR). A obra escolhida foi a de um empreendimento imobiliário residencial que tinha quatro blocos de quatro andares. Embora a construção tenha sido iniciada no segundo semestre de 2006, o profissional já estudava a cultura da construtora dois meses antes, o que facilitou o emprego da extranet e da coleta de dados feito com o PDA, executando o apontamento de informações diretas sobre custo de mão de obra e de materiais.

No caso da experiência do pesquisador da UFPR, os dados coletados foram transferidos do PDA para o computador do canteiro de obras e, desse, para o escritório central da construtora. Com a evolução dos equipamentos e das redes de telecomunicações móveis, é possível que o estudo de Peyerl, se fosse feito hoje, já pudesse incorporar a transmissão direta do PDA para a construtora.

Com uma linha de investigação bem similar ao pesquisador paranaense, dois outros especialistas criaram o Sistema Integrado de Gerenciamento Móvel em Obras (Sigmo). O objetivo do estudo do engenheiro mecânico Jano Moreira de Souza, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do arquiteto Sérgio Roberto Leusin de Amorim, da Universidade Federal Fluminense (UFF) era “desenvolver um programa computacional para gerenciamento de serviços na construção civil, baseado em um microcomputador do tipo PDA capaz de interagir com os sistemas mais comuns de planejamento e controle compatíveis com DBF e SQL, utilizando uma interface gráfica de fácil compreensão, adequada à cultura existente no setor, em particular nos canteiros de obra”.

Apresentado numa edição do programa Habitare, da Finep, órgão federal de financiamento de pesquisa, o trabalho dos dois professores tinha a intenção de suprir as construtoras com dados primários diretos do canteiro de obras, o que levaria à uma maior precisão no acompanhamento dos serviços e permitiria mudanças mais adequadas nos controles da obra.

Para eles, os PDAs poderão atender a várias demandas da construção civil. Uma delas é o de servir como alternativa ao grande volume de documentos que a gestão dos canteiros exige atualmente, principalmente para atender as demandas de qualidade. A documentação mais detalhada pode ser acompanhada na tela dos aparelhos, de forma simplificada. Da mesma forma, a mobilidade dos PDAs ou outros equipamentos permitiria acompanhar os deslocamentos dos mestres de obras ou engenheiros, que muitas vezes, transitam de um canteiro a outro.

Na avaliação dos pesquisadores, o projeto atingiu o seu objetivo ao comprovar “a viabilidade de implantar uma ferramenta de controle de obras baseada em PDA”. De acordo com eles, “a possibilidade de realizar medições aliadas a verificações padronizadas por procedimentos facilita sobremaneira a efetiva implantação de sistemas de Gestão de Qualidade, eliminando o retrabalho usual decorrente de uma visão burocrática comum nesses pontos”. Ambos também apontaram dificuldades em função da inovação do sistema, informando que nem todas as funcionalidades previstas foram testadas. Para eles, o próximo passo seria formatar um modelo comercial para o estudo.

 

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