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Revista GC - Ed.88 - Abril 2018
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Editorial

O apagão logístico que nos assombra

A cada cinco safras, uma se perde no caminho, entre a saída das fazendas e os portos, por todo o país. Os prejuízos somam R$ 6,6 bilhões ao ano, segundo cálculos da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), jogando no ralo a qualidade e o valor de mercado de nossas commodities agrícolas. A falta de infraestrutura e logística é o inimigo número um do produtor rural e do agronegócio no Brasil. Com portos obsoletos e operando no limite de suas capacidades, poucas ferrovias, hidrovias com baixa condição de navegabilidade e com a precariedade das rodovias, nossas safras acabam não chegando aos seus destinos a custos competitivos. O tempo de entrega das cargas tem aumentado e os fretes encarecem em torno de 20% a cada ano, as transportadoras lucram cada vez mais e os produtores pagam a conta.

A situação só não é pior porque é compensada com a chamada Agricultura de Precisão, um sistema de gerenciamento agrícola que cresce no País na medida em que as informações sobre conceitos, técnicas e vantagens da tecnologia chegam ao produtor rural. Essas tecnologias detectam, monitoram e orientam o homem do campo na gestão da propriedade, para melhorar a produtividade e preservar o meio ambiente. A novidade foi entrando devagar nas fazendas graças, inicialmente, à tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas, dotadas de receptores GPS e geração de mapas de produtividade. Avançou mais e


A cada cinco safras, uma se perde no caminho, entre a saída das fazendas e os portos, por todo o país. Os prejuízos somam R$ 6,6 bilhões ao ano, segundo cálculos da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), jogando no ralo a qualidade e o valor de mercado de nossas commodities agrícolas. A falta de infraestrutura e logística é o inimigo número um do produtor rural e do agronegócio no Brasil. Com portos obsoletos e operando no limite de suas capacidades, poucas ferrovias, hidrovias com baixa condição de navegabilidade e com a precariedade das rodovias, nossas safras acabam não chegando aos seus destinos a custos competitivos. O tempo de entrega das cargas tem aumentado e os fretes encarecem em torno de 20% a cada ano, as transportadoras lucram cada vez mais e os produtores pagam a conta.

A situação só não é pior porque é compensada com a chamada Agricultura de Precisão, um sistema de gerenciamento agrícola que cresce no País na medida em que as informações sobre conceitos, técnicas e vantagens da tecnologia chegam ao produtor rural. Essas tecnologias detectam, monitoram e orientam o homem do campo na gestão da propriedade, para melhorar a produtividade e preservar o meio ambiente. A novidade foi entrando devagar nas fazendas graças, inicialmente, à tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas, dotadas de receptores GPS e geração de mapas de produtividade. Avançou mais e mais e hoje vai além dos equipamentos, podendo ser usada em todas as cadeias produtivas do setor agropecuário, como ferramentas para otimização do uso de insumos, para as técnicas de manejo e para a inovação permanente no campo.

Não fossem esses ganhos de produtividade e o nosso agronegócio estaria patinado sem gerar os impactos positivos conhecidos hoje na nossa economia. Mas o questionamento que fica é como um país tão grande e com tantas possibilidades de soluções se dobre diante de problemas que duram há décadas, como um condenado a repetir eternamente os próprios erros. A região Norte, por exemplo, poderia aproveitar seus rios e fazer projetos voltados para o transporte hidroviário, barato e sustentável. Mais terminais portuários e ferrovias também seriam importantes meios de impulsionar nosso potencial produtivo, e o que se sabe é que há grande interesse do capital privado em desenvolver empreendimentos em parceria com o Estado.

No entanto, os recursos privados só virão atraídos por soluções logísticas integradas. O governo precisa coordenar todo o planejamento logístico, com foco nos corredores de exportação, caso contrário não faz sentido para o empresário investir. O investimento no porto só se sustenta se houver a contrapartida no entorno dele e vice-versa.

Também é preciso investir nas estradas para que ofereçam condição seguras e confiáveis, com boas pistas de rolamento, acostamentos seguros, pontes bem projetadas, sinalização adequada, etc. Nossas estradas, portos, ferrovias, terminais intermodais, etc. estão entre os piores do mundo. O que explica porque o frete no Brasil custa cerca de 80 dólares enquanto que o da Argentina gira em torno dos 30 dólares por tonelada.

Não adianta ter excelentes safras se no decorrer do transporte, uma parte do lucro se perde no chão e outra se dilui nos longos atrasos para chegar ao local determinado para desembarque. Sem infraestrutura e logística, não há condições de desenvolvimento econômico. É como querer correr não tendo pernas. Corremos o risco de produzir e não ter preço competitivo para exportar, o que seria o pior dos mundos.

. Não tem milagre, para baixar o custo. Tem que melhorar a qualidade. A saída que promete reduzir os custos dos produtores do Centro-Oeste – onde a colheita de grãos registra maior crescimento – e, ao mesmo tempo, desafogar as estradas e portos do Sul e Sudeste, é a criação de corredores logísticos que liguem a região aos portos do Norte e Nordeste. Hoje, é a opção mais viável. Os produtores economizariam tanto nos fretes transoceânicos, já que é mais curta a distância entre os principais consumidores de commodities agrícolas a partir do Norte e Nordeste, e ainda reduziriam o custo do frete de caminhões em até 30%, dando margem a um possível aumento da produção da safra.

Seguimos cobrando o lançamento rápido de editais viáveis de licitação de obras e aceleração na celebração das PPPs, apontando sempre onde estão as falhas e atrasos. O que não podemos é nos render diante das dificuldades. Ou estaremos, em pouquíssimo tempo, enfrentando um apagão logístico capaz de nos impor um retrocesso de muitas décadas, levando o que construímos ano após ano com tanto esforço.

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