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Revista GC - Ed.39 - Julho 2013
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Concreto Hoje

Tecnologia dá um novo gás para o CO²

Empresa canadense recupera o gás carbônico produzido por grandes emissores para usá-lo na produção de concreto. Processo patenteado poderá ser adotado no Brasil

O concreto é o segundo material mais consumido no mundo e responde por cerca de 5% da emissão global de gases que contribuem para o efeito estufa. Ainda mais impressionante é a contribuição do cimento, a matéria-prima principal do concreto. Na avaliação de especialistas, cada tonelada de cimento criaria 0,8 toneladas de gás carbônico, o conhecido CO2. Não causa espanto, então, que a indústria concreteira venha praticando uma série de iniciativas para diminuir tal responsabilidade. O escopo de ações engloba desde o uso de resíduos como escória e cinza de arroz na produção de cimento até a diminuição do consumo de água por meio de inovações. A canadense CarbonCure Technologies resolveu ir direto à raiz do problema: recolhe o gás carbônico produzido em usinas termelétricas, indústrias e outros emissores, estoca o gás e o injeta na fase de mistura do concreto.

Fundada em 2007 pelo químico Robert Niven, mestre em engenharia ambiental pela McGill University, a empresa foi listada como uma das mais inovadoras do mundo pela revista Green Building, especializada em construções sustentáveis. De acordo com a publicação, a injeção de CO2 permite que o produto final torne-se mais resistente, reduzindo o volume do concreto utilizado. Na visão da CarbonCure, sua tecnologia patenteada dá uma outra função ao gás carbônico que seria descartado no meio ambiente, direcionando-o para o processo de cura do material. Os produtos finais englobam desde blocos até peças para calçamento de ruas, assim como elementos arquitetônicos. Com a tecnologia desenvolvida, a empresa canadense entrega uma matriz semiporosa de concreto, contendo o gás carbônico capturado, combinando íons de cálcio (Ca) com CO2, permitindo a "criação" de uma rocha na forma de calcário.

Para entender a mágica por trás da transformação, o fundador da CarbonCure destaca a química das reações de produção do concreto, a começar pela fabricação do cimento. Três elementos participam ativamente: carbono, oxigênio e cálcio. Primeiro, o cimento é produzido a partir de calcário ou carbonato de cálcio (CaCO3) calcinado em fornos a alta temperatura. Com o aquecimento, o CaCO3 se divide em duas partes: CO2, que é direcionado para o ar, e cal viva (CaO), a qual forma o componente chave do cimento. Po


O concreto é o segundo material mais consumido no mundo e responde por cerca de 5% da emissão global de gases que contribuem para o efeito estufa. Ainda mais impressionante é a contribuição do cimento, a matéria-prima principal do concreto. Na avaliação de especialistas, cada tonelada de cimento criaria 0,8 toneladas de gás carbônico, o conhecido CO2. Não causa espanto, então, que a indústria concreteira venha praticando uma série de iniciativas para diminuir tal responsabilidade. O escopo de ações engloba desde o uso de resíduos como escória e cinza de arroz na produção de cimento até a diminuição do consumo de água por meio de inovações. A canadense CarbonCure Technologies resolveu ir direto à raiz do problema: recolhe o gás carbônico produzido em usinas termelétricas, indústrias e outros emissores, estoca o gás e o injeta na fase de mistura do concreto.

Fundada em 2007 pelo químico Robert Niven, mestre em engenharia ambiental pela McGill University, a empresa foi listada como uma das mais inovadoras do mundo pela revista Green Building, especializada em construções sustentáveis. De acordo com a publicação, a injeção de CO2 permite que o produto final torne-se mais resistente, reduzindo o volume do concreto utilizado. Na visão da CarbonCure, sua tecnologia patenteada dá uma outra função ao gás carbônico que seria descartado no meio ambiente, direcionando-o para o processo de cura do material. Os produtos finais englobam desde blocos até peças para calçamento de ruas, assim como elementos arquitetônicos. Com a tecnologia desenvolvida, a empresa canadense entrega uma matriz semiporosa de concreto, contendo o gás carbônico capturado, combinando íons de cálcio (Ca) com CO2, permitindo a "criação" de uma rocha na forma de calcário.

Para entender a mágica por trás da transformação, o fundador da CarbonCure destaca a química das reações de produção do concreto, a começar pela fabricação do cimento. Três elementos participam ativamente: carbono, oxigênio e cálcio. Primeiro, o cimento é produzido a partir de calcário ou carbonato de cálcio (CaCO3) calcinado em fornos a alta temperatura. Com o aquecimento, o CaCO3 se divide em duas partes: CO2, que é direcionado para o ar, e cal viva (CaO), a qual forma o componente chave do cimento. Posteriormente, ele é misturado com água e outros ingredientes, principalmente areia e cascalho, para formar o concreto. Como a água contém CO2 dissolvido, esse se recombina com a CaO para formar o calcário. Ao longo do tempo, e em menor grau, o concreto continua a retirar CO2 do ar, sequestrando-o na forma de calcário. O que a CarbonCure faz é injetar o carbono emitido por indústrias e outras instituições que não querem repassá-lo para a atmosfera.

Com tal perfil tecnológico, a CarbonCure já nasceu focada em construção sustentável e é pioneira em soluções de engenharia para carbonatação mineral. Seu modelo de negócios tem como foco um público especializado como construtoras, engenheiros e arquitetos. O apelo verde, no entanto, amplia a divulgação da empresa. Ao mesmo tempo, ela tem investido nos formadores de opinião da indústria tradicional e contratou, no começo deste ano, um veterano da área: Kevin Cail. Com três décadas de atuação no segmento de concreto, o engenheiro canadense foi diretor do Canada Green Building Council e do conselho estratégico do American Concrete Institute (AMI). Cail assumiu a liderança da equipe de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da CarbonCure como diretor de tecnologia (CTO). A contratação aconteceu ao mesmo tempo em que a companhia também amplia a área física da estrutura de P&D localizada na província de Nova Escócia.

Em termos de negócios, o fundador Robert Niven aponta os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) como focos da expansão internacional. Segundo a vice-presidente de Marketing, Jeniffer Wagner, o Brasil é um mercado-alvo, que deve ser trabalhado após a expansão da empresa canadense para o mercado dos Estados Unidos. "Em função do número crescente de projetos com o selo LEED e da presença de grandes fabricantes de concreto, poderemos eventualmente suprir o mercado brasileiro", adianta a executiva com exclusividade para Grandes Construções.

Na verdade, a empresa já tem presença no país vizinho. É o caso do licenciamento assinado com a Northfield Block, divisão da Oldcastle, uma das maiores produtoras de concreto e produtos pré-moldados da América do Norte. O acordo, oficializado na metade de junho desse ano, permite que a companhia americana use a técnica desenvolvida pela CarbonCure. O primeiro passo para isso será a instalação de uma unidade de reúso do carbono capturado, utilizando como base a planta da Northfield Block em Morris, no estado de Illinois. Essa unidade produz peças de concreto aplicadas como recurso de arquitetura e que devem ser distribuídos em grandes redes de materiais de construção nos Estados Unidos, incluindo a Home Depot e a Lowe.

Outro projeto de 2013 e com grande apelo sustentável é a construção da vinícola Jess S. Jackson, com 790 m², no campus de Davis da Universidade da Califórnia. O prédio foi projetado para ser um exemplo do uso de técnicas sustentáveis e deve consumir cerca de 2,5 mil unidades de peças pré-fabricadas, usando concreto turbinado com a tecnologia da CarbonCure. Nessa empreitada, a empresa de alta tecnologia trabalha para a Basalite Concrete Products, que vai fabricar as peças a serem usadas na vinícola laboratório.

Um terceiro parceiro igualmente recente foi fechado com a canadense Atlas Block em janeiro deste ano. Fabricante de peças de concreto sediada em Halifax, a Atlas Block vai fornecer uma série de produtos para os centros esportivos que sediarão os jogos Panamericanos de 2015. Antes de adotar a tecnologia, a fabricante testou a tecnologia em diversas linhas de produto. Para Don Gordon, presidente da empresa, a técnica é um divisor de águas. "Ela pode transformar toda a indústria de concreto", disse. Segundo o executivo, o processo patenteado pela CarbonCure seria o mais inovador que ele viu nos últimos anos. Gordon lembra ainda que o escritório de arquitetura B+H Architects, contratado para projetar os centros esportivos, ficou igualmente impressionado com a técnica.

 

 

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