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Revista GC - Ed.42 - Outubro 2013
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Matéria de Capa - Energia

UHE Teles Pires Uma nova fronteira na geração de energia no País

No extremo Oeste do Estado do Mato Grosso, em região muito isolada, nasce a primeira de um conjunto de três hidrelétricas a serem construídas na Bacia Hidrográfica do Rio Teles Pires

De uma década para cá, o Brasil avançou na construção de hidrelétricas, mudando o vetor deste tipo de empreendimento que até então se concentrava nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. As obras das usinas de Santo Antônio e de Jirau, no Estado de Rondônia, a usina de Belo Monte, no Pará, e a usina de Teles Pires, no extremo Oeste do Mato Grosso, deixam claro que o Brasil não abrirá mão de explorar seu potencial hidrográfico, mesmo nas regiões distantes, uma vez que são estas as regiões que favorecem a construção de usinas hidrelétricas por seu isolamento geográfico e baixa densidade demográfica. Outras usinas estão em fase de estudo. No rio Tele Pires, por exemplo, estão sendo previstas mais duas – a de Sinop e a de São Manoel. E no Oeste do Pará, seguem os estudos das usinas do Complexo Tapajós.

Se por um lado, esses empreendimentos enfrentam restrições com o licenciamento ambiental, essas dificuldades acabam resultando no aperfeiçoamento dos projetos e dos sistemas de construção adotados nas obras. A implantação é vista como oportunidade para o desenvolvimento econômico dessas regiões, em geral marcadas pelas atividades extrativistas, como o garimpo e a mineração, agora cedendo espaço para os pastos agropecuários e cultura da soja, como acontece na região de Alta Floresta, onde está sendo construída a usina de Teles Pires.

A revista Grandes Construções esteve em Teles Pires, em agosto. Para chegar lá foi preciso transpor o trecho da MT 206, ora em terra batida, ora em trechos com obras, e de modo geral sem qualquer tipo de sinalização e iluminação. É surpreendente o tráfego de veículos, que inclui caminhões, muitos deles carregados de toras de árvores. Ao longo da rodovia, até chegar à usina, são grandes espaços antes ocupados por floresta, agora com tocos de árvores queimadas, quase um cenário de fim de mundo, e que aos pouco vão ganhando cheiro de pasto, indicando a grande mudança da paisagem local e também da economia da região.

Na cidade de Alta Floresta, marcada no passado pela riqueza do ouro, o que manda agora é o dinheiro que vem da criação do gado. A região está repleta de frigoríficos e vive um novo ciclo de desenvolvimento econômico b


De uma década para cá, o Brasil avançou na construção de hidrelétricas, mudando o vetor deste tipo de empreendimento que até então se concentrava nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. As obras das usinas de Santo Antônio e de Jirau, no Estado de Rondônia, a usina de Belo Monte, no Pará, e a usina de Teles Pires, no extremo Oeste do Mato Grosso, deixam claro que o Brasil não abrirá mão de explorar seu potencial hidrográfico, mesmo nas regiões distantes, uma vez que são estas as regiões que favorecem a construção de usinas hidrelétricas por seu isolamento geográfico e baixa densidade demográfica. Outras usinas estão em fase de estudo. No rio Tele Pires, por exemplo, estão sendo previstas mais duas – a de Sinop e a de São Manoel. E no Oeste do Pará, seguem os estudos das usinas do Complexo Tapajós.

Se por um lado, esses empreendimentos enfrentam restrições com o licenciamento ambiental, essas dificuldades acabam resultando no aperfeiçoamento dos projetos e dos sistemas de construção adotados nas obras. A implantação é vista como oportunidade para o desenvolvimento econômico dessas regiões, em geral marcadas pelas atividades extrativistas, como o garimpo e a mineração, agora cedendo espaço para os pastos agropecuários e cultura da soja, como acontece na região de Alta Floresta, onde está sendo construída a usina de Teles Pires.

A revista Grandes Construções esteve em Teles Pires, em agosto. Para chegar lá foi preciso transpor o trecho da MT 206, ora em terra batida, ora em trechos com obras, e de modo geral sem qualquer tipo de sinalização e iluminação. É surpreendente o tráfego de veículos, que inclui caminhões, muitos deles carregados de toras de árvores. Ao longo da rodovia, até chegar à usina, são grandes espaços antes ocupados por floresta, agora com tocos de árvores queimadas, quase um cenário de fim de mundo, e que aos pouco vão ganhando cheiro de pasto, indicando a grande mudança da paisagem local e também da economia da região.

Na cidade de Alta Floresta, marcada no passado pela riqueza do ouro, o que manda agora é o dinheiro que vem da criação do gado. A região está repleta de frigoríficos e vive um novo ciclo de desenvolvimento econômico baseado na agropecuária. Por conta disso, e também do fluxo gerado por Teles Pires, o pequeno aeroporto da cidade não comporta o volumoso número de visitantes que chega e sai todos os dias. O ecoturismo, baseado na pesca esportiva, atrai turistas estrangeiros e mostra como o Brasil não sabe aproveitar seu potencial turístico baseado nas riquezas naturais. Mas as populações das cidades menores sofrem pela grande distância de qualquer tipo de equipamentos públicos e sonha, como os moradores de Paranaíta, com os benefícios que estão chegando com a implantação da UHE Teles Pires.

Menor preço

Os Estudos de Inventário da Bacia Hidrográfica do Rio Teles Pires aprovados pela Aneel, indicaram, em julho de 2006, o potencial de construção de um conjunto de seis usinas hidrelétricas, totalizando uma geração de cerca de 3.600 megawatts (MW) na bacia, da qual a Usina Hidrelétrica Teles Pires, com potência instalada de 1.820 MW, é responsável por 50,55%.

A UHE Teles Pires foi arrematada no último leilão de geração de 2010, pelo Consórcio Teles Pires Energia Eficiente, que apresentou uma proposta de deságio de 33% em relação à tarifa-teto, ou seja, apresentou um menor valor para produzir ou gerar o kW/h de energia elétrica, considerado o menor valor que o Governo Federal conseguiu nos leilões de usinas. Isso permitirá uma tarifa de energia mais baixa. A obra está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o investimento totaliza

R$ 4 bilhões, metade desse valor aplicado nas obras. Depois do leilão, foi criada a Companhia Hidrelétrica Teles Pires S/A, Sociedade de Propósito Específico (SPE), responsável por construir e fazer operar a UHE Teles Pires, constituída pelas empresas Neoenergia (50,1%), Eletrobras-Eletrosul (24,5%), Eletrobras-Furnas (24,5%) e Odebrecht Energia (0,9%).

A UHE Teles Pires aperfeiçoou o projeto de engenharia original, propondo a instalação de apenas cinco turbinas (364 MW cada uma), mantendo a mesma potência instalada de 1.820 MW – no projeto inicial aprovado em leilão estavam previstas seis turbinas. Outra inovação foi a redução de volume de serviços com relação ao eixo original, diminuindo, por exemplo, o volume de escavação e possibilitando um novo cronograma de obras, estipulado em 38 meses para o início de geração.

A companhia propôs um novo modelo de distribuição de trabalhadores ao longo da implantação do projeto, buscando maior racionalização da ocupação das áreas, evitando a concentração em apenas um núcleo e facilitando o acesso dos trabalhadores às instalações de apoio e serviços, assim como refeitório e acomodações. Ao mesmo tempo, foi pensada uma distribuição dos empregos diretos ao longo da obra, diminuindo a concentração no pico e a decisão de contratação de 45% dos trabalhadores na região, além de implantação do Programa de Qualificação Profissional Continuada – Acreditar, desenvolvido pela construtora Odebrecht. Manter todos os trabalhadores alojados no canteiro de obras foi também uma iniciativa que reforçou o diferencial do empreendimento.

O Consórcio Construtor Teles Pires foi contratado em regime EPC (Engineering, Procurement and Construction), no qual é o responsável pelo projeto e obras civis, fornecimento e montagem dos equipamentos eletromecânicos do empreendimento. Este consórcio é composto pelas empresas: Odebrecht, Voith, Alstom, PCE e Intertechne.

A usina é a primeira do Complexo Teles Pires a ser construída, que inclui outros dois empreendimentos já confirmados, como a Usina Sinop, com 461 MW, e a São Manoel, com 700 MW. A de Sinop entrou no leilão A-5 promovido pelo governo em dezembro do ano passado, mas não teve lance e deve ser ofertada novamente no próximo certame. Já a de São Manoel ainda não tem previsão de entrar no leilão, promovido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal. Juntas, as três terão capacidade para gerar quase 3 mil MW no Sistema Interligado Nacional (SIN), reforçando a segurança energética do País. Teles Pires será a maior usina hidrelétrica de Mato Grosso, estado hoje atendido basicamente por usinas de pequeno e médio portes, com geração que varia de 30 MW (Pequena Central Hidrelétrica - PCH) a 200 MW.

Desenho diferenciado

O empreendimento se localiza nas coordenadas LONG 56°46’35” W e LAT 09º20’35” S, situada no Rio Teles Pires, distante 330 km da junção com o Rio Juruena, ponto onde se forma o Rio Tapajós. O barramento está localizado na divisa dos estados de Mato Grosso e Pará, compreendendo os municípios de Paranaíta – MT e Jacareacanga – PA. O empreendimento está a 945 km de Cuiabá, por via terrestre, e 85 km de Paranaíta, a cidade mais próxima do empreendimento.

O barramento no leito do Rio Teles Pires será construído com blocos de rocha com núcleo argiloso e a maior parte em CCR – Concreto Compactado a Rolo. O topo da barragem alcançará 224 metros. O vertedouro possuirá cinco comportas e 10 adufas, que escoarão a água, garantindo que o excesso seja descarregado de forma segura rio abaixo. O canteiro foi instalado nas proximidades do local do eixo, na margem esquerda, contando com diversas instalações como: guarita, subestação, oficina, almoxarifado, depósito de combustível, carpintaria, pátio de armação, pátio eletromecânico, área de montagem mecânica, laboratórios, depósitos, escritórios, refeitório e ambulatório médico. Já o acampamento foi implantado na margem esquerda, a cerca de 8 km do canteiro industrial, abrigando todos os equipamentos necessários para o uso dos trabalhadores. As instalações incluem estações de tratamento da água e do esgoto, alojamentos, lavanderia, refeitórios, centros de lazer e ambulatórios médicos.

O reservatório ocupará áreas dos dois municípios próximos ao empreendimento - no Pará, 16% do município de Jacareacanga, e em Mato Grosso, 84% do município de Paranaíta. O lago formado pela barragem terá cerca de 70 km de comprimento no Rio Teles Pires e ocupará uma área de 150 km², com um espelho d’água de 135,6 km² e uma área inundada de 95,0 km², o que equivale a 0,052 km² por megawatts gerados de área inundada. Os trabalhos de resgate de fauna e flora estão avançados para dar lugar à formação do reservatório.

A Casa de Força fica situada na margem direita do Rio Teles Pires, sendo do tipo convencional, fechada, abrigando as cinco unidades geradoras. A Subestação por sua vez, estará localizada na margem esquerda, afastada cerca de 200 m do canal de fuga da casa de força. Toda energia gerada pela UHE Teles Pires seguirá por uma linha de transmissão de uso restrito, de 7,5 km, que se conectará na SE Coletora Norte. A conexão ao Sistema Interligado Nacional – SIN será através de uma linha de transmissão de 500 KV, que terá seu ponto de conexão ao SIN na SE Ribeirãozinho no Estado do Mato Grosso, divisa com o Estado de Goiás.

Desvio concluído

O empreendimento completou o primeiro grande marco da construção: o desvio do Rio Teles Pires. O processo foi concluído no dia 6 de junho, com a escavação de três túneis na margem esquerda de 318 m de extensão, 15 m de largura e 16 m de altura cada. Com esta etapa, a obra pôde iniciar os trabalhos no leito do rio para a construção do barramento principal.

Assim, foi possível começar a construção do circuito de geração, onde fica a unidade geradora que produzirá energia e a montagem eletromecânica. Segundo o diretor de contrato Antônio Augusto de Castro Santos, o prazo é o principal desafio do empreendimento. “Não se tem registros de uma obra do porte de Teles Pires no prazo que temos aqui, de 38 meses. A nossa previsão é dar partida na primeira unidade geradora já ano que vem”. Ele lembra que a obra começou a ser efetivamente implantada em janeiro de 2011, com a elaboração dos projetos ambientais e a busca da licença de instalação. “Nós estamos completando dois anos de obra, além de oito meses da fase inicial, mobilizados com a equipe de engenharia e planejamento”, lembra.

Para o engenheiro, Teles Pires é um dos melhores projetos hidrelétricos já feitos no País devido à localização. “São cerca de 30 famílias atingidas apenas, a maioria de residência de veraneio”, destaca. A usina é do tipo fio d´água, com um reservatório de pouca dimensão. No entanto, como o rio tem um volume de água muito constante e previsível, e um regime hidrológico parecido ano a ano, essa regularidade potencializa a capacidade da usina. “Isso permite uma geração de energia muito alta, associada a uma região de baixo impacto populacional, ou inexistente, ao redor do lago de Teles Pires”, destaca.

O engenheiro destaca que a hidrelétrica desbrava um rio praticamente isolado, em região amazônica, e exigiu o alojamento de praticamente 100% dos trabalhadores no canteiro, numa condição inédita em comparação a outras obras semelhantes, como Santo Antônio, Jirau e Belo Monte, que estavam próximas a um núcleo urbano. “Esse posicionamento foi bastante pensado ao longo dos seis ou sete anos de estudos desenvolvidos até sua execução”, diz ele. Como uma das primeiras obras que adentra a região amazônica, a usina também serve de laboratório de informações tanto na parte técnica quando ambiental para auxiliar a construção das outras usinas projetadas ao longo dos rios Teles Pires e Tapajós. Segundo ele, a usina de Sinop, ainda a ser colocada em leilão, terá reservatório de boa dimensão e deverá permitir uma condição de maior regularidade para a usina de Teles Pires.

Um projeto, muitos desafios

“Eu acho que o grande desafio de Teles Pires foi mesmo vencer o isolamento”, diz o diretor de contrato. “É uma usina que tem dimensões muito grandes. A máquina de geração de Teles Pires é praticamente do mesmo porte de Itaipu, de Tucuruí e de Belo Monte, só que numa região isolada. Nós estamos a cerca de 3.500 km do ponto onde esses equipamentos são fabricados. É um desafio muito grande pensar e executar esse empreendimento nessas condições. E, principalmente, manter as pessoas motivadas para ficarem aqui”, destaca.

Para isso foram adotadas algumas soluções que pudessem reduzir o número da mão de obra e outras que garantissem a manutenção do canteiro de maneira ordeira e motivada ao mesmo tempo. Para reduzir o número de trabalhadores, inicialmente previsto para 7 mil, optou-se pelo uso de equipamentos de grande porte, capazes de suportar a altas cargas de trabalho, praticamente ininterruptas.

“Foram investimentos US$ 180 milhões de dólares em equipamentos novos para atender às obras”. O investimento inclui desde sistemas de corte e dobra de aço, formas diferenciadas e equipamentos de terraplenagem, de maior porte e capacidade operacional. Dentre os equipamentos utilizados, estão guindastes de alto desempenho, centrais de concreto, central de britagem e de concreto refrigerado, com água fria e central de gelo, além de diversos equipamentos de terraplenagem. “Todos novos e alguns de grande porte”, destaca. Ele menciona as escavadeiras de 70 t e os caminhões fora de estrada de última geração, com monitoramento via satélite. “A prioridade foi maximizar a produtividade, dando garantias para a execução da obra no prazo previsto.” Dentre os equipamentos utilizados, destacam-se as escavadeiras Volvo, os tratores de esteira CAT D8, os caminhões caçamba Scania.

O emprego das formas representou um ganho à parte para as obras, destaca o engenheiro, mencionando as fôrmas deslizantes da Ulma. “O uso das formas torna o processo mais industrial e menos artesanal. A forma da Ulma está substituindo um sistema que era utilizado anteriormente, que era quase uma obra de arte, devido ao número de etapas. Quando se opta por um sistema industrializado, que chega pronto ao canteiro, elimina-se uma fase de montagem e consequentemente de demanda de mão de obra, o que maximiza a produção”, comenta.

Sonho antigo

A construção da hidrelétrica abriu caminho para a realização de um antigo sonho na região: a pavimentação da rodovia MT-206 no trecho entre Paranaíta e Alta Floresta, local onde é possível chegar por meio de avião e por rodovia, partindo de Cuiabá, a partir da MT 325 e BR- 163. As obras de pavimentação da MT-206 foram iniciadas em fevereiro deste ano com previsão de conclusão em outubro. Trata-se de uma iniciativa liberativa da Companhia Hidrelétrica Teles Pires, que contratou a Odebrecht Infraestrutura e, esta por sua vez, contratou a empresa Conserva para executar a pavimentação de 38 km, entre Paranaíta e Alta Floresta. Para viabilizar a obra, foi feita uma parceria entre a companhia hidrelétrica e o governo do Estado de Mato Grosso que renunciou ao desconto no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço – ICMS, juntamente com as prefeituras de Alta Floresta e Paranaíta, com o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN.

Além do trecho entre os municípios, estão em andamento obras do principal acesso ao canteiro de obras da usina, que tem aproximadamente 57 km – entre o trevo principal de Paranaíta ao Bar do Dedé – que será finalizado com um revestimento primário, além de ter seu traçado readequado, o que vai possibilitar o tráfego de veículos no local. As duas obras compreendem um total de 95 km de estrada.

As melhorias na pista empregam cerca de 450 pessoas na execução de obras e processos de drenagens. Pontes estão sendo canalizadas e a pavimentação asfáltica segue os padrões do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). As intervenções, sobretudo na adequação de seu traçado e construção de bueiros e pontes de concreto, vão garantir o transporte adequado das turbinas do tipo Francis, utilizadas na UHE Teles Pires.

A MT-206 vai receber ainda quatro pontes de concreto: sobre os córregos Gelado – que terá 41 m de comprimento – e Sem Nome (25 m), e sobre os rios Sucuri (31 m) e Santa Helena (77 m). Também está em fase de construção uma ponte de 113 m de extensão sobre o rio Paranaíta, no trecho que liga o município ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Teles Pires. Essas novas pontes, em vigas pré-moldadas, terão capacidade para suportar 500 t, enquanto as de madeira suportam apenas 90 t e devem ser concluídas em outubro. Essas obras estão a cargo da Rio Grande Engenharia e Construções.

A procura de trabalhadores

O diretor de Contrato Antônio Augusto de Castro Santos lembra que uma das primeiras etapas de implantação da obra foi solucionar a questão da mão de obra. Ele conta que inicialmente foi feita uma base operacional em Paranaíta, com prioridade de aproveitar a mão de obra local, por meio do Programa de Qualificação Profissional Continuada – Acreditar. Esse programa foi lançado pela Odebrecht em 2008 nas obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, e desde então vem sendo levado a vários empreendimentos da empresa.

O programa contou com o apoio do Senai (Serviço Nacional e Aprendizagem Industrial), do município de Sinop, envolvendo outros municípios da região. Na cidade de Paranaíta, com total de sete mil habitantes, quatro mil pessoas se inscreveram nos cursos, dos quais dois mil já foram qualificados nas funções de pedreiro, armador, carpinteiro, soldador, eletricista, motorista de caminhão basculante, operador de equipamentos (motoniveladora, escavadeira hidráulica, tratores esteira e retroescavadeira) e sinaleiro. Segundo Antônio Augusto, é impossível atender à necessidade de mão de obra da usina, cuja demanda prevista para o pico chega a seis mil pessoas, apenas com os moradores da região. Assim, passou-se a aproveitar a mão de obra de outras regiões, sobretudo trabalhadores que já tinham atuado na obra da Usina Santo Antônio, que agora entra em fase final.

As condições de vida dos trabalhadores em um local tão isolado definiram a principal estratégia de implantação do canteiro. Diante da distância do principal núcleo urbano da região, em Paranaíta, foi projetada uma minicidade dentro do canteiro, seguindo o desenho dos tradicionais núcleos urbanos marcados por uma série de serviços aglutinados em torno de uma praça central. O canteiro inclui restaurante, ambulatório médico, lavanderia, tratamento de lixo, posto policial, campo de futebol, cinema, salão de TV, áreas de ginástica, canal de rádio e TV, recanto de violeiros, serviço de ônibus e locais para cultos católicos e evangélicos. Para as acomodações foram projetadas casas metálicas, mais duráveis que as de madeira, com janelas mais amplas, um quarto para cada quatro pessoas e camas normais, em vez de beliches.

Em novembro de 2011, apenas quatro meses depois de iniciadas as obras de Teles Pires, já havia quase mil integrantes na equipe de trabalho. A principal base de alimentação nos canteiros é a carne bovina, evitando carne de porco e de peixe, por questões de maior segurança alimentar, além do consumo de hortaliças, produzida por pequenos produtores da região com o incentivo da Odebrecht. O canteiro também conta com uma equipe de médicos, enfermeiros do trabalho e técnicos de enfermagem. Em 2012, foram realizadas mais de 63 mil consultas médicas em diversas especialidades, como fisioterapia, fonoaudiologia e medicina preventiva, de acordo com informações da construtora.

Teles Pires conta com uma comissão dos trabalhadores, a exemplo da Usina Santo Antônio, em Rondônia, também a cargo da Odebrecht. A instalação de comissões de representantes sindicais está prevista no Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção, assinado pela Odebrecht em agosto de 2012. Os sete integrantes que compõem a comissão foram definidos pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins do Estado do Pará (Sintrapav/PA) e pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada e Afins do Estado de Mato Grosso (Sintecomp/MT). Eles desempenham funções em áreas diversas da obra, como transporte, terraplenagem, elétrica e medicina do trabalho. “Estamos continuamente em busca de soluções que possam aprimorar as questões relacionadas a condições de trabalho”, ressaltou Antônio Augusto de Castro Santos.

Envolvimento com a comunidade

Seguindo seu código de conduta com os povos indígenas, a Odebrecht, em parceria com a Companhia Hidrelétrica Teles Pires, apoiou, em novembro, uma missão do grupo de médicos expedicionários da Saúde na aldeia Sai Cinza, no município de Jacareacanga, para atendimento de integrantes das tribos Kayabi, Apiaká e Munduruku. Na ocasião, médicos oftalmologistas, ginecologistas, ortopedistas, cirurgiões, clínicos, pediatras, anestesistas e dentistas na maioria, procedentes de São Paulo e Campinas, durante uma semana atenderam aos índios que foram previamente identificados com problemas de saúde, por meio de triagem feita pelos Dseis (Distritos Sanitários Especiais Indígenas). Houve consultas e cirurgias de catarata e hérnia, em blocos cirúrgicos montados em tendas, com equipamentos de ponta, e isso restabeleceu a qualidade de vida dos pacientes.

A ONG Expedicionários da Saúde, criada em 2003, concluiu assim sua 20a missão, sendo integrada por médicos em trabalho voluntário com ajuda logística de empresas parceiras. “Com essa ajuda, conseguimos trazer os índios das aldeias distantes para serem tratados aqui. Sem esse apoio, o tratamento nas aldeias distantes ficaria inviável, por causa do alto custo do transporte aéreo, e, se viessem por via fluvial, levariam dias para chegar”, disse a responsável pela logística da ONG, Marcia Abdala.

Usinas a fio d´água ou com reservatório de acumulação

As usinas a fio d´água têm proliferado no Brasil atual, como resposta às demandas de maior preservação ambiental. Essas usinas não necessitam de grandes reservatórios para o acúmulo de água para geração de energia elétrica e produzem energia de acordo com a vazão natural do rio, ou seja, no período da seca gera menor quantidade de energia e no período chuvoso, uma maior quantidade.

No entanto, a presidente Dilma Roussef chamou a atenção para o efeito dessa estratégia no futuro, que poderá exigir o funcionamento das térmicas, mais caras e poluentes, e defendeu a construção de usinas com grandes reservatórios.

Ulma fornece sistemas para Teles Pires

A Ulma está fornecendo os sistemas MK-120 e Cimbre T-60 para a construção da usina de Teles Pires. Os sistemas estão sendo utilizados para escoramento móvel das lajes da casa de força. No total, são cinco casas de força e os sistemas estão aplicados na CF 01 e CF 02. O MK está sendo utilizado como um carro móvel para reaproveitamento do escoramento de uma casa de força para outra, sem a necessidade de desmontar o T-60.

O tempo de desmontagem e montagem do escoramento foi reduzido graças ao método de movimentação do escoramento. Nas Lajes superiores o T-60 está montado sem o MK. Entretanto, o travamento entre as torres permite que elas sejam movimentadas com o auxílio dos Carros de Movimentação Lateral (Carro Lateral VR).

Equipamentos Liebherr nas obras de Teles Pires

Um guindaste de torre modelo 2000 HC 60 e um 1250 HC 50 estão em operação nas obras da Usina Hidrelétrica de Teles Pires, no Mato Grosso. Os equipamentos, comprados pela Construtora Norberto Odebrecht, tiveram suas montagens concluídas nos meses de dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. A opção pelos modelos se deu pela alta capacidade de carga dos equipamentos, que irão operar a montagem industrial da usina, com o içamento de peças pesadas, sem a necessidade de fragmentação do material a ser levantado.

O 2000 HC 60 tem raio de alcance de 70 m e capacidade de carga na ponta da lança de 24.500 kg. Num raio entre 5,5 m e 32,7 m, a capacidade de içamento do equipamento sobe para 60 t, com 91,8 m de altura livre de gancho. Já o guindaste de torre 1250 HC 50, tem altura livre de gancho de 79 m, e a 75 m de raio, tem capacidade de carga de 14.000 kg. A um raio entre 5,2 m e 24,1 m é possível operar a capacidade de carga máxima do equipamento, de 50 toneladas.

Ambos os guindastes de torre podem operar com microvelocidade, o que garante uma montagem precisa, com alto nível de exatidão. Além disso, da cabine, o operador conta com um sistema de monitoramento de variáveis, via display EMS, onde ele pode conferir a altura do gancho de carga, alcance do carrinho e ângulo de giro. Os equipamentos contam ainda com o monitoramento de operação, um sistema que diagnostica falha e situações de atenção, que permite análise e ações preditivas, a fim de evitar condições de paradas inesperadas do equipamento.

Tanto o 2000 HC 60, como o 1250 HC 50 foram fornecidos para o cliente com o carro inferior modificado, a fim de atender com mais exatidão às necessidades do projeto. No caso do 2000 HC 60, o carro inferior originalmente tem 15 m de bitola de trilhos e, nesse caso, foi fornecido com 10 m; o 1250 HC 50 também teve a bitola de trilhos alterada de 12,5 para 10 metros.

Novo sistema construtivo para alojamentos e vilas residenciais

A Dânica, por intermédio de sua divisão de Construção Civil Residencial, desenvolveu o sistema construtivo moderno e ágil, que está sendo utilizado nos alojamentos e vilas residenciais que integram o projeto de Teles Pires. Com montagem e desmontagem rápida e limpa, o sistema corresponde às exigências próprias da construção de dormitórios e apartamentos funcionais e também de escritórios, prédios de apoio e áreas comuns – como refeitório, ambulatório, barbearia, etc.

Além disso, a ocupação pode ser modular: um mesmo modelo de projeto pode abrigar desde aposentos coletivos até instalações exclusivas, possibilitando ambientes confortáveis aos diversos perfis de profissionais de uma obra. Os alojamentos Dânica atendem a todos os requisitos da NR-18, que rege as condições do ambiente de trabalho na indústria da construção.

Com painéis leves, de manutenção simples – a primeira repintura só é necessária após sete anos de uso – e grande potencial de isolamento térmico, os alojamentos montados pela Dânica proporcionam conforto ambiental aos colaboradores e economia ao construtor. As paredes em aço têm núcleo isolante em poliuretano (PUR) ou poliisocianurato (PIR) retardante à chama (classe R1, de acordo com a norma NBR 7358) e proporcionam menor consumo de energia com climatização.

A aplicação dos painéis e telhas gera coberturas que dispensam o uso de forro e paredes autoportantes acabadas, que não necessitam de pintura após a montagem. Além disso, os alojamentos modulares são 100% desmontáveis (o que permite o uso em várias obras) e também podem ser comercializados em kits para montagem própria.

 

 

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