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Revista GC - Ed.26 - Maio 2012
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Matéria de Capa - Copa 2014

Uma fonte nova de oportunidades

Nova arena desportiva de Salvador, projetada para sediar os jogos da Copa de 2014 na Bahia, abre novos horizontes para a população local, com oportunidade de trabalho e inserção social e compromisso ambiental, antes mesmo de ficar pronta
Por Paulo Espírito Santo

São cerca de 11 horas da manhã de sexta-feira, 27 de abril, em Salvador (Bahia). Faz um forte calor. A temperatura está na casa dos 33º. Quase não há nuvens no céu e uma fina camada de poeira parece envolver tudo, penetrando nos nossos poros. Olhando assim de cima, parece que estamos diante de um gigantesco formigueiro, tamanha é a movimentação de homens e máquinas, num vai-e-vem que não cessa. Todo esse movimento é causado por pouco mais de 3 mil homens, contratados nessa fase do pico das obras da nova Arena da Fonte Nova.

O empreendimento é motivo de orgulho dos baianos, que a toda hora comentam que se trata do segundo estádio em avanço das obras, na corrida contra o tempo entre os que receberão os jogos da Copa de 2014. Com mais de 60% de avanço físico, ficou atrás apenas do estádio de Fortaleza, no Ceará, na última medição da Fifa. “Mas o de Fortaleza é só reforma. Não começou do zero, como o nosso”, sempre aparece um baiano para por as coisas nos seus devidos lugares. Neste momento, as obras, a cargo do Consórcio Fonte Nova Negócios e Participações S.A, formado pelas construtoras Norberto Odebrecht e OAS, estão com a fase de estrutura de todas as arquibancadas praticamente concluída, em torno de 95%, com previsão de conclusão até o final de junho.

Bairrismos à parte, não dá para negar que estamos diante de uma obra grandiosa e já vitoriosa, se forem considerados os grandes desafios que já foram vencidos e os que ainda estão por vir. Para começar, houve a implosão do antigo estádio Octávio Mangabeira, inaugurado em janeiro de 1951 e fechado em 2007, depois do desabamento parcial de sua arquibancada superior, por total falta de manutenção. As demolições do anel inferior das arquibancadas da Fonte Nova, do Ginásio de Esportes Antônio Balbino e do parque aquático, localizados ao lado da Fonte Nova, já haviam sido realizadas no primeiro semestre de 2010, pelo sistema mecanizado. Faltava demolir a grande estrutura do anel superior do estádio, para o qual se escolheu o sistema de implosão, que se mostrava mais seguro e econômico. Cerca de 700 quilos de dinamite foram suficientes para que tudo tombasse em apenas 17 segundos, conforme o desejado, em 29 de agosto de 2010.


São cerca de 11 horas da manhã de sexta-feira, 27 de abril, em Salvador (Bahia). Faz um forte calor. A temperatura está na casa dos 33º. Quase não há nuvens no céu e uma fina camada de poeira parece envolver tudo, penetrando nos nossos poros. Olhando assim de cima, parece que estamos diante de um gigantesco formigueiro, tamanha é a movimentação de homens e máquinas, num vai-e-vem que não cessa. Todo esse movimento é causado por pouco mais de 3 mil homens, contratados nessa fase do pico das obras da nova Arena da Fonte Nova.

O empreendimento é motivo de orgulho dos baianos, que a toda hora comentam que se trata do segundo estádio em avanço das obras, na corrida contra o tempo entre os que receberão os jogos da Copa de 2014. Com mais de 60% de avanço físico, ficou atrás apenas do estádio de Fortaleza, no Ceará, na última medição da Fifa. “Mas o de Fortaleza é só reforma. Não começou do zero, como o nosso”, sempre aparece um baiano para por as coisas nos seus devidos lugares. Neste momento, as obras, a cargo do Consórcio Fonte Nova Negócios e Participações S.A, formado pelas construtoras Norberto Odebrecht e OAS, estão com a fase de estrutura de todas as arquibancadas praticamente concluída, em torno de 95%, com previsão de conclusão até o final de junho.

Bairrismos à parte, não dá para negar que estamos diante de uma obra grandiosa e já vitoriosa, se forem considerados os grandes desafios que já foram vencidos e os que ainda estão por vir. Para começar, houve a implosão do antigo estádio Octávio Mangabeira, inaugurado em janeiro de 1951 e fechado em 2007, depois do desabamento parcial de sua arquibancada superior, por total falta de manutenção. As demolições do anel inferior das arquibancadas da Fonte Nova, do Ginásio de Esportes Antônio Balbino e do parque aquático, localizados ao lado da Fonte Nova, já haviam sido realizadas no primeiro semestre de 2010, pelo sistema mecanizado. Faltava demolir a grande estrutura do anel superior do estádio, para o qual se escolheu o sistema de implosão, que se mostrava mais seguro e econômico. Cerca de 700 quilos de dinamite foram suficientes para que tudo tombasse em apenas 17 segundos, conforme o desejado, em 29 de agosto de 2010.

A localização da obra, em meio ao centro urbano de Salvador, densamente povoado, cercados de prédios públicos e residenciais, tornou esse trabalho de engenharia ainda mais desafiador. Várias medidas de mitigação de risco tiveram de ser tomadas, tais como a mudança do tráfego de veículos na região, evacuação da área, treinamento da população do em torno como dicas de cuidados a serem tomados com janelas e objetos quebráveis. As informações foram divulgadas através de palestras, detalhando o projeto e a etapa que se seguiria, por meio de folhetos distribuídos à população, e através dos veículos de comunicação de massa, em reportagens em TVs, rádios e jornais. Até a montagem de uma estrutura de atendimento médico para tratar de eventuais emergências foi providenciada. Felizmente, só alguns casos de pessoas muito emocionadas, com as imagens do velho estádio virando uma montanha de escombros, foram registrados.

José Luis Góes, diretor de engenharia do consórcio construtor, afirma que a operação foi um êxito total. Tanto que virou um case de sucesso, exibido constantemente pela empresa contratada para a implosão, a Arcoenge, e pela americana CDI, responsável como consultora da operação.

O desafio seguinte foi o aproveitamento dos resíduos sólidos resultantes da demolição da antiga estrutura. Isso fazia parte das premissas do programa de sustentabilidade da obra, estabelecida pelo consórcio construtor. Nada menos que 95% de todo o material 77 mil toneladas de concreto e aço – foram reciclados. Todo o concreto foi fragmentado na própria obra e transformado em brita, para a substituição de solo e pavimentação dos caminhos e áreas de serviço, principalmente naquelas onde trafegam os equipamentos de grande porte há na obra guindastes de até 550 toneladas.

Dos resíduos do concreto foi separado o aço, enviado para siderúrgicas da região, para reaproveitamento como matéria prima. Esse nível de reaproveitamento de material permitiu que fossem evitadas inúmeras viagens de caminhão para descarte do material em lixões e aterros, reduzindo assim a massa de gás carbônico lançada no meio ambiente por esses veículos. Para José Luis Góes, esse foi um aprendizado de sustentabilidade muito grande.

Com o avançar da obra, outro desafio se impôs: o das fundações. A área construída possui uma topografia bastante acidentada (em desníveis) e um terreno bastante heterogêneo, geotecnicamente. Além disso, a proximidade com o Dique do Tororó propiciou a incidência de lençóis freáticos, tornando-se necessárias as mais diversas soluções em termos de fundação.

Mas o principal desafio do projeto é a corrida contra o tempo. Para entregar o estádio pronto em dezembro de 2012, para o início da fase de comissionamento pela Fifa, optou-se pela montagem de uma linha de fabricação de pré-moldados no canteiro. “A estrutura do estádio é mista. Cerca de 70% é composta de pré-moldados e 30% moldado in loco. Justamente os pilares da periferia são todos moldados in loco. Temos dois grandes parceiros para o fornecimento de pré-moldados, fora do canteiro. Um deles está localizado no entorno de Salvador, em Simões Filho. O outro traz peças até de Recife, em Pernambuco. Mas como temos de acelerar a obra para a Copa das Confederações, tivemos de montar essa estrutura”, afirma José Luis Góes, que tem em estoque hoje cerca de 2 mil peças em pré-moldados, prontas para instalação.

Também para dar agilidade à obra, foi instalada no canteiro uma usina de concreto, sob a gestão da Filirent. “Temos uma usina com capacidade de produção nominal de 50 m3/ hora. Trata-se de uma usina de porte razoável, que atende plenamente as nossas necessidades e faz com que consigamos mitigar qualquer risco de atraso na execução dos serviços, por causa de atrasos de fornecedor. Temos autossuficiência no fornecimento de concreto, comemora o diretor de engenharia do consórcio Fonte Nova Negócios e Participações S.A.

Ele revela que foi iniciada, neste momento, uma fase muito importante da obra, e que define a sua conclusão, ao final deste ano: é o início da montagem da estrutura da cobertura. “Estamos começando a instalar os anéis de compressão da cobertura. E isso nos dá a segurança de que vamos conseguir atender o prazo final da obra”, afirma.

José Luis Góes explica que a solução de cobertura adotada para a Fonte Nova, é inédita, nunca foi tentada no Brasil. “É uma tenso-estrutura, sendo em parte uma estrutura metálica, mas também possui um anel de compressão formado por cabos e uma membrana tensionada”. O fato é que não se produz esse material no Brasil. Assim, a decisão do consórcio construtor foi de contratar uma solução inteira no exterior, em vez de fatiar a compra das partes dessa cobertura. “Com isso, nós estamos mitigando os riscos de fatiar as encomendas, adquirindo um pacote de solução. Como os cabos são feitos na Itália, e a membrana, nos Estados Unidos, por exemplo, nós contratamos uma empresa capaz de integrar tudo isso”, afirma Góes.

Sustentabilidade ambiental

Para os gestores do empreendimento na nova arena da Fonte Nova, não bastava dar destinação correta aos resíduos sólidos resultantes da demolição da estrutura antiga. Eles contrataram uma empresa de consultoria para atingir outros quesitos para alcançar a certificação LEED, concedida pela organização não governamental Green Building Council (CGB), para projetos sustentáveis do ponto de vista ambiental.

A primeira meta dos gestores já foi conquistada: dos 110 pontos possíveis, 45 já foram atingidos. Desde maio de 2010, toda a argila retirada da obra é destinada a cobrir aterros sanitários. A terra é reaproveitada em vários projetos sociais, como hortas comunitárias. O único resíduo não aproveitado é o esgoto sanitário. A própria cobertura do estádio será em membrana translúcida, o que dará uma iluminação mais natural e gerará economia de energia. O tipo de estrutura utilizada na cobertura reduz o consumo de aço entre 30% e 40%. Na concepção do projeto, está previsto o aproveitamento de toda a água de chuva, para limpeza, uso nos sanitários e manutenção do gramado, além de utilização de energia solar para o aquecimento de água. Para isso, a água de chuva coletada pela cobertura do estádio vai ser desviada para um grande reservatório, e destinada ao reúso. O mesmo acontecerá com a água de drenagem do campo de futebol.

A capacidade total de armazenamento de água da chuva no projeto da Arena Fonte Nova é de 698.060 litros, anualmente serão captados 37 mil m³ de água pluvial com esse sistema, o que representará uma economia de 72% em épocas de chuva e 24% em períodos de estiagem.

Além disso, o estádio será equipado com luminárias de baixo consumo de energia, e hidrossanitários de baixo consumo de água.

O projeto oferecerá ainda vagas preferenciais para veículos com baixa emissão de CO2, tais como veículos do tipo “flex”, que funcionam a etanol e veículos no sistema de carona solidária.

O consumo de energia elétrica da Arena Fonte Nova foi otimizado, em comparação a uma instalação padrão industrial. Nesse novo equipamento, serão utilizadas lâmpadas com maior eficiência e durabilidade, do tipo T-5 de 25W, que resulta numa economia de 35% de energia. Fazendo a utilização de reatores eletrônicos, em vez de reatores eletromagnéticos, se consegue uma economia garantida da ordem de 30%. Pode-se, então, considerar uma redução total de aproximadamente 32,5%, utilizando-se lâmpadas T-5 de 25W e reatores eletrônicos, comparado a um sistema tradicional (T-10 de 40W) com reatores eletromagnéticos. Os projetores da iluminação do campo também têm eficiência energética de ponta.

Para o consórcio construtor, a estimativa é de que em sete anos e meio todos os investimentos nas ações sustentáveis se revertam em lucro em relação ao capital investido.

Sustentabilidade Social

Paralelamente às medidas de redução dos impactos ambientais, o consórcio responsável pelas obras da Fonte Nova vem adotando uma série de programas sociais. Um deles é o Programa de Inclusão de Moradores de Rua. Em parceria com a Comunidade Igreja da Trindade, o consórcio desenvolveu o programa, através da identificação, qualificação pessoal, criação de meio autossustentável e capacitação profissional. Num primeiro momento, 25 ex-moradores de rua foram admitidos para trabalhar nas obras como ajudantes de produção. Numa segunda fase, outros 88 moradores de rua receberam capacitação profissional com os cursos de Pedreiro, Carpinteiro, Montador de Andaimes e Cabeleireiro.

Além disso, foi desenvolvido em parceria com a Secretaria de Justiça do Estado da Bahia, um programa de treinamento e aproveitamento de pessoas oriundas do sistema prisional que cumprem pena em regime semiaberto. Além dos salários, os presos terão três dias de pena descontados a cada dia de trabalho.

Também foram desenvolvidas pelo consórcio ações voltada para a inserção digital, Curso de Alfabetização Digital, com noções básicas de Internet, Word, Windows e Excel, com carga horária de 15 horas. O objetivo é estimular a democratização do acesso à informação  e comunicação digital e abrir novas perspectivas para o mercado de trabalho. O curso beneficiará 200 pessoas com renda inferior a dois salários mínimos que moram no entorno da obra. Atualmente, mais de 26 alunos já concluíram o curso.

A Arena Fonte Nova em parceria com SETAD (Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão) e com a SETRE (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado), realizou o Programa Federal Próximo Passo, com cursos profissionalizantes na área de construção civil (ajudante de pedreiro, ajudante de carpintaria, carpinteiro, armador, pedreiro e montador de andaime) voltados para moradores do entorno da obra, beneficiários do Programa Federal Bolsa Família.  Mais de 120 pessoas participaram dos cursos e 24 alunos provenientes dessa formação profissional foram contratados e já estão trabalhando nas obras da arena. Outros sete estão em processo de contratação.

Existe ainda um convênio com a ONG, no centro histórico, o projeto Axé, que destina todo o fardamento usado pelos operários, com certa condição de aproveitamento, para a fabricação de bolsas, mochilas, porta-níqueis, etc. A venda desses objetos é revertida para a ONG e seus associados.

PPP com 35 anos de validade

O projeto da arena Fonte Nova é uma concessão do governo do estado da Bahia, sob a forma de Parceria Público-Privada (PPP). O concessionário é a Fonte Nova Participações que tem a participação das empresas OAS e Odebrecht. Além de construir o estádio, o consórcio detém sua operação e exploração comercial por 35 anos. Para dar a sustentabilidade financeira ao empreendimento, garantindo no retorno financeiro do investimento, o consórcio está desenvolvendo no empreendimento o conceito de arena multiuso, de forma que possa usar o espaço não somente para a realização de jogos de futebol, como também para realização de shows e outros tipos de eventos.

No mesmo espaço, os baianos e visitantes terão uma programação variada, com eventos de pequeno, médio e grande porte: shows nacionais e internacionais, exposições fotográficas, reuniões de negócios, congressos, palestras, eventos de esportes radicais, além de casamentos, formaturas, etc. (essas são algumas ideias de eventos que estão sendo estudadas). A meta é ter um calendário com 80 eventos por ano.

A capacidade do estádio, previsto no projeto original, é de 50 mil assentos, isso incorporando assentos business, e áreas de camarotes. Mas estão sendo incorporados ao projeto outros 5.500 assentos removíveis, para aumentar a capacidade do estádio para receber jogos com maior demanda de público. Foi feito um estudo para verificar qual seria a capacidade possível, em termos de carga na estrutura do estádio, e a possibilidade foi aprovada.

O projeto da nova arena manteve o partido arquitetônico do estádio antigo, que tinha o formato de uma ferradura, com a abertura voltada para a direção do Dique do Tororó. Os assentos removíveis serão, portanto, instalados nessa parte da abertura da ferradura, que é uma área que não tem arquibancada. O projeto comporta construção de prédios que comportarão estacionamento, shopping, hotéis e casa de shows.

 

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