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A realidade do estresse hídrico

Crescimento populacional, explosão no consumo e poluição crescente ameaçam seriamente os recursos hídricos, com consequências que podem ser catastróficas

Redação

08/02/2021 11h00 | Atualizada em 10/02/2021 20h43


Até 2050, prevê-se um aumento de consumo de água no mundo de 55%, sendo que 40% da população viverão em estresse hídrico. Alguns indícios já mostram o tamanho do problema. Em 2014, sem precisar ir muito longe, quase houve uma convulsão social na Região Metropolitana de São Paulo, decorrente da crise de água.

Segundo a sócia fundadora da Acqua Expert Engenharia Ambiental, Ana Luiza Fávaro, que fez a curadoria do núcleo dedicado ao tema na BW, é um absurdo ignorar a crise hídrica após esses episódios. “Ter água potável é o mínimo de dignidade para o ser humano”, lastimou. “Mas parece que tem de acontecer tragédias para as pessoas darem atenção a determinados assuntos.”

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Até 2050, prevê-se um aumento de consumo de água no mundo de 55%, sendo que 40% da população viverão em estresse hídrico. Alguns indícios já mostram o tamanho do problema. Em 2014, sem precisar ir muito longe, quase houve uma convulsão social na Região Metropolitana de São Paulo, decorrente da crise de água.

Segundo a sócia fundadora da Acqua Expert Engenharia Ambiental, Ana Luiza Fávaro, que fez a curadoria do núcleo dedicado ao tema na BW, é um absurdo ignorar a crise hídrica após esses episódios. “Ter água potável é o mínimo de dignidade para o ser humano”, lastimou. “Mas parece que tem de acontecer tragédias para as pessoas darem atenção a determinados assuntos.”

Se há pouca água, a qualidade da que existe também é crítica. O diretor técnico do Portal Tratamento de Água, Eduardo Pacheco, alertou na BW que o tratamento da água tem se tornado cada vez mais caro e ruim. “A desinfecção considera apenas cheiro, sabor e cor da água nas estações de tratamento”, afirmou. “Não retira produtos secundários e moléculas orgânicas complexas, que estão começando a aparecer, com tendência de aumentar na água bruta, que está cada vez mais longe.”

Além de alterar o equilíbrio hormonal, a presença de substâncias como agrotóxicos tende a aumentar na água oferecida à população. A cloração, por sua vez, cria compostos cancerígenos. “É por isso que, por segurança microbiológica, aqui no Brasil empresas como Johnson & Johnson utilizam água PW (Purified Water) produzida com uma tecnologia mais sofisticada de ultrafiltragem.”

De acordo com Pacheco, existe uma inversão de disponibilidade do recurso no país, com muita água e pouca gente no Norte, e o inverso no Sudeste. “Também temos perdas físicas assustadoras na rede, chegando a 35% em São Paulo, por exemplo”, apontou. “A redução de perdas não é investimento, mas manutenção.”

Em um cenário feroz de competição pela água, tanto para produção quanto para consumo, o especialista apontou o ônus de setores como o mineral e agropecuário, que geram passivos significativos. “A geração de riqueza não é proporcional aos problemas gerados, como agrotóxicos, barragens e outros. Temos de pensar sobre isso”, advertiu.

Ocupação desenfreada é um dos problemas que ameaçam a disponibilidade dos recursos hídricos

Porém, o consumo de alimentos só aumenta no mundo. Segundo João Carlos Rosa, também sócio fundador da Acqua Expert Engenharia Ambiental, a irrigação agrícola é responsável por 66,1% da demanda, muito acima dos demais setores. E os impactos vão além. “Para produzir 1 kg de arroz são necessários de 3 a 5 mil litros de água, enquanto 1 kg de carne bovina demanda 17 mil litros”, citou. “Hoje, o Brasil tem um consumo de 1.101 m3/s, mas a população vai crescer 11% até 2050. Mudanças de hábitos são urgentes.”

Mais um ponto a se refletir diz respeito à exportação de água, na forma líquida ou incorporada à carne, frutas e outros produtos. Em 2012, o país despachou 112 trilhões de litros ao exterior, o suficiente para abastecer 2 milhões de pessoas durante um ano. “Será que esse modelo vale a pena?”, questionou-se Rosa.

O gerente regional da Toray, Marcelo Bueno, a situação realmente é delicada, exigindo mudanças no modelo de consumo. “Ter água não significa não ter estresse hídrico, pois traz a água de fora, mas continua gerando esgoto e contaminação”, comentou. “Resolver esse quadro requer o uso de tecnologias para um tratamento mais adequado do esgoto. É caro, mas é a única saída para a indústria, que só se mobiliza em situações extremas.”

Projeto avança nadespoluição do Pinheiros

O secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), Marcos Penido, falou na BW sobre o ‘Novo Rio Pinheiros’, o maior projeto socioambiental em andamento no país, com investimento de R$ 1,7 bilhão. Com conclusão prevista para o final de 2022, o projeto atua em cinco eixos (saneamento, manutenção, resíduos, revitalização e comunicação), sendo que 94% da bacia passarão por tratamento em cinco mini estações de tratamento do tipo URQ (Unidades de Recuperação da Qualidade), posicionadas a jusante das comunidades, antes de chegarem à ETE Barueri.

O sistema é composto por por 532 mil pontos em ligações de efluentes de 16 sub-bacias. “Já temos 16 contratos assinados por resultado (por m3 coletado)”, informou o secretário. “Temos de roer o osso para buscar o esgoto dentro das comunidades.”

Demanda antiga da cidade de São Paulo, a revitalização do Rio Pinheiros parece encaminhada

As margens ganharão vegetação nativa, enquanto o rio passa por desassoreamento para retirar mais de 500 milhões m3 de material de seu leito. O projeto também se destaca pela revitalização da Usina São Paulo (antiga Elevatória de Traição), que terá áreas de lazer, ciclovia, tela de projeção e outros equipamentos, cuja operação será concedida. “Precisamos virar a página da poluição dos nossos corpos hídricos”, justificou Penido. “Isso significa nos voltarmos para o rio, e não lhe darmos as costas, para não precisar mais trazer exemplos de fora.”

Jardins de chuva e biovaletas ajudam na drenagem urbana

Soluções de manejo da água como biovaletas são essenciais nas cidades

Em virtude do processo de impermeabilização, somente 5% da água da chuva se infiltram no solo, ocasionando aumento de enchentes nas cidades. A esse fato soma-se a estufa de calor, que faz chover muito em um curto espaço de tempo, assim como as deficiências da rede de drenagem, geralmente antigas e danificadas país afora. “Nesse quadro, as soluções de manejo da água são essenciais, incluindo jardins de chuva e biovaletas, que podem ajudar para que a água se infiltre no local em que cai”, aclarou Erika Mota, gerente de cidades da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Porland), em participação na BW. “É importante questionar esse sistema de drenagem higienista, em que a humanidade quer se afastar das águas, superar essa defasagem”, ponderou.

Saiba mais:
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