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Hidrodemolição: com a força da água

Relativamente recentes no país, sistemas de hidrojateamento mantêm estruturas metálicas intactas em obras de limpeza e demolição, mas ainda esbarram no alto custo de aquisição

Redação

27/09/2019 11h00 | Atualizada em 30/10/2019 11h12


Na construção, bombear água com alta pressão é um método bastante comum de limpeza, preparação de superfícies e desobstrução de tubos e dutos. Bem menos conhecido é o uso de sistemas de hidrojateamento, que bombeiam jatos de água em pressões elevadas para demolição.
A técnica agrega a capacidade de remoção, de maneira seletiva e controlada, de concreto e outros materiais utilizados em obras de engenharia, mantendo intactas as respectivas estruturas metálicas e propiciando assim sua posterior recuperação. Conhecida como ‘hidrodemolição’, essa técnica ainda não é muito empregada no Brasil, onde começou a chegar apenas nos anos 1980, mas pode vir a constituir uma ferramenta valiosa no indispensável processo de recuperação da infraestrutura do país, graças a essa característica de manter incólumes as estruturas.

Por meio do hidrojateamento, diferentes níveis de pressão (confira tabela abaixo

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Na construção, bombear água com alta pressão é um método bastante comum de limpeza, preparação de superfícies e desobstrução de tubos e dutos. Bem menos conhecido é o uso de sistemas de hidrojateamento, que bombeiam jatos de água em pressões elevadas para demolição.
A técnica agrega a capacidade de remoção, de maneira seletiva e controlada, de concreto e outros materiais utilizados em obras de engenharia, mantendo intactas as respectivas estruturas metálicas e propiciando assim sua posterior recuperação. Conhecida como ‘hidrodemolição’, essa técnica ainda não é muito empregada no Brasil, onde começou a chegar apenas nos anos 1980, mas pode vir a constituir uma ferramenta valiosa no indispensável processo de recuperação da infraestrutura do país, graças a essa característica de manter incólumes as estruturas.

Por meio do hidrojateamento, diferentes níveis de pressão (confira tabela abaixo) são utilizados para remover os materiais construtivos, o que pode implicar volumes significativos de água. Via de regra, todavia, quanto maior a pressão, menor a necessidade desse insumo. “Atualmente, as bombas com pressões de 750 a 1.400 bar e vazão entre 88 a 180 l/min são os equipamentos mais utilizados em hidrodemolição”, posiciona Christian Willi, gerente comercial da Lemasa, fabricante de bombas com pressões entre 100 e 2,8 mil bar e de acessórios para o uso desses equipamentos em diversas aplicações.

DIFERENCIAL

Bombeada em pressões elevadas, a água penetra na estrutura e expulsa o material para o exterior

Em uma operação de hidrodemolição, explica Willi, a água é bombeada em pressões suficientemente elevadas para penetrar na estrutura, saturando seus capilares e expulsando para o exterior o material ali existente, efetuando assim sua remoção. Desse processo resulta uma superfície livre das microfissuras que costumam advir de outros métodos – como o uso de rompedores, por exemplo –, pronta para ser recuperada ou receber tratamento técnico. “Além de preservar a composição capilar da estrutura, a hidrodemolição mantém intactas as barras metálicas estruturais, como a armadura de uma estrutura de concreto ou a ‘colmeia’ de um forno refratário”, explica.

Apontada como a vantagem mais marcante da hidrodemolição, a capacidade de não gerar dano às estruturas metálicas tampouco é o único diferencial favorável a essa tecnologia, quando comparada a outras técnicas potencialmente concorrentes. “Por utilizar somente água, constitui um processo limpo, que diminui o risco de acidentes com partículas e evita as lesões causadas pelas vibrações das ferramentas pneumáticas”, destaca Renata Simon, engenheira de vendas da Flow, multinacional norte-americana que fabrica bombas para jateamento de água com pressão de até 6.500 mil bar.

Ao manter intactas as barras metálicas estruturais, o processo resulta em uma superfície livre das microfissuras que advém do uso de métodos como rompedores

Essa tecnologia, ela prossegue, também permite uma demolição altamente seletiva – restrita a partes muito específicas de uma construção –, reduzindo a vibração nas estruturas de base. “Também é mais rápida que os processos manuais, preparando melhor a superfície, apresentando melhor relação custo x benefício e deixando a superfície imediatamente pronta para a restauração, sem a necessidade de trabalho adicional”, observa Renata Simon, destacando que, além de oferecer seus próprios produtos, a Flow também é distribuidora autorizada no Brasil da fabricante de ferramentas e acessórios para hidrojateamento StoneAge. “A hidrodemolição geralmente usa bombas com pressões a partir de 1.000 bar”, especifica.

Utilizando pressões elevadas, a hidrodemolição exige volumes grandiosos de água. No caso de remoção de concreto e de outros materiais, são necessários ao menos 90 l/min, muitas vezes bem mais que isso, que não realimentam o hidrojato. “Mas essa água pode ser reaproveitada para outras finalidades”, ressalta Fernando Campos, diretor da Pramatech, fabricante que em três anos já produziu nove bombas de alta pressão, sendo a mais elevada de 2.480 bar.

INVESTIMENTO

O executivo pondera ainda sobre alguns fatores que tornam essa técnica pouco conhecida no Brasil. De saída, ele cita o custo. “Além de relativamente nova, é um solução que exige um volume significativo de obras para justificar o investimento nos equipamentos necessários à sua aplicação”, argumenta Campos. “São acessórios caros, como as mangueiras, por exemplo, que precisam ser capazes de suportar pressões elevadas.”

Além das mangueiras, há ainda os bicos e conexões específicos para hidrodemolição. Para aturar com pressões mais elevadas, como relata Willi, da Lemasa, podem ser necessários inclusive trajes especiais para proteção dos operadores. Contudo, essa necessidade desaparece com as soluções robotizadas. “A Lemasa já oferece equipamentos robotizados de hidrodemolição”, informa o profissional.

Solução exige um volume significativo de obras para justificar o investimento nos equipamentos

Por enquanto, os equipamentos robotizados da marca focam o corte de estruturas de concreto, modalidade da hidrodemolição que, entre outras coisas, permite cortar vigas, pilares, lajes e pontes, assim como abrir furos e vãos. Além de aumentar a segurança, a robotização pode conferir maior precisão ao processo (em relação à operação manual). “O hidrojateamento também apresenta vantagens como a implementação sem danos ao conjunto da estrutura, minimizando os impactos no fluxo de veículos e pessoas”, diz Willi.

Para o corte com água, ele especifica, são necessárias bombas com pressões de pelo menos 1,4 mil bar, mas que podem chegar a 2,8 mil bar (há, porém, necessidade de vazões menores de água, geralmente entre 30 e 50 l/min). Nesse gênero de aplicações, o hidrojateamento tem a concorrência de tecnologias como o corte com fios diamantados. “Mas essa tecnologia é muito cara, sendo que o corte com água vem atingindo patamares de preços bastante competitivos”, afirma o especialista da Lemasa.

POTENCIAL

Grandes construtoras nacionais – como Andrade Gutierrez e Odebrecht, dentre outras – já dispõem de equipamentos de hidrodemolição, que também podem ser empregados no ‘apicoamento’ do concreto, como é denominado o processo de incremento da rugosidade feito para aumentar a aderência das camadas aplicadas sucessivamente. “Somente na construção da usina de Belo Monte foram utilizadas mais de 20 bombas de hidrojateamento para essa aplicação”, diz Campos, da Pramatech.

Mas a demanda por esses equipamentos no país, como destaca Willi, da Lemasa, teve início com os prestadores de serviços especializados, como os recuperadores de pontes e píeres. “No caso de píeres, já há até licitações que exigem essa tecnologia”, ressalta.

Seja como for, o potencial de mercado da hidrodemolição é acompanhado de perto por prestadoras desse gênero de serviços no Brasil. É o caso da Intech, construtora dedicada a serviços especializados de engenharia em projetos de recuperação e reforço estrutural, impermeabilizações, cortes, perfurações, demolição controlada e geotecnia. “De fato, nosso plano de expansão prevê a aquisição de máquinas para esse serviço”, afirma Rodrigo Foureaux Salim, gerente comercial da Intech. “Por ser uma tecnologia nova no Brasil, atualmente estamos em contato com fornecedores estrangeiros.”

Para justificar o interesse, Salim lembra que no Brasil há diversas aplicações para as quais essa tecnologia pode se mostrar bastante adequada. “Mesmo não havendo grandes obras em execução no país neste momento, temos recebido consultas para projetos nos quais a hidrodemolição pode ser interessante”, diz ele.

Além de preservar as armações estruturais, afirma o diretor da Intech, a hidrodemolição também pode ser vantajosa por ser uma tecnologia mais rápida que as técnicas concorrentes, eliminando poeira e gerando poluição sonora reduzida. “A técnica pode ser usada não apenas para recuperar uma estrutura, mas também para reforçá-la”, especifica Salim. “Para reforçar a base de um rotor, por exemplo, é preciso antes retirar o concreto, o que pode ser feito com hidrojateamento.”

Para Renata Simon, da Flow, a retirada de camadas refratárias em grandes fornos siderúrgicos também constitui uma aplicação que evidencia as potencialidades da hidrodemolição, pois as estruturas metálicas desses fornos são totalmente preservadas. “Essa tecnologia aplica-se também a obras como reparos de pontes, edifícios, estádios, túneis, barragens e parques de estacionamento subterrâneos”, acrescenta.

USO DE ROBÔS AUMENTA A SEGURANÇA NA DEMOLIÇÃO

Além da demolição, outro método empregado no desmonte de camadas refratárias de fornos de siderúrgicas e cimenteiras inclui o uso de robôs controlados remotamente, nos quais podem ser acoplados diversos implementos hidráulicos, como rompedores, tesouras, trituradores, garras e outros.

Equipados com implementos, robe retiram o operador da área de ação

Com um portfólio composto por serviços de demolição e de cortes e furos em concreto, a Lubrimatic conta com 12 desses robôs – todos da marca Husqvarna –, cujos pesos variam entre 0,9 a 2,3 mil kg. “Retirando os operadores das áreas de risco, essa tecnologia aumenta muito a segurança da operação”, destaca Edivaldo Santos, diretor da empresa. “Nesse momento todos os nossos robôs estão em operação, sendo 90% na indústria siderúrgica.”

ADAPTAÇÕES AUXILIAM NAS OPERAÇÕES

Miniescavadeiras com rompedores controlados remotamente também são utilizadas em projetos de demolição. “Já realizamos esse tipo de adaptação em miniescavadeiras Bobcat”, conta José Alberto Moreira, diretor da Machbert, que entre outros produtos distribui os rompedores da marca Furukawa. “Como as atuais escavadeiras a diesel são controladas por comandos eletro-hidráulicos, esse tipo de adaptação ficou até mais simples e mais barato do que antes.”

Um dos projetos nos quais foram utilizados rompedores adaptados pela Machbert foi a demolição de uma fábrica de produtos químicos. “Mas também é possível adotar essa tecnologia em situações nas quais a cabine da escavadeira está muito distante de onde opera o rompedor”, exemplifica Moreira. “Isso é feito com braços longos de escavadeiras, atuando em andares muito acima do pavimento onde a máquina está.”

Adaptação de implementos tornou-se mais fácil com os comandos eletro-hidráulicos

Em sua linha de produtos, a Machbert também inclui braços operados por controle remoto – equivalentes a braços de escavadeiras –, que são fixados ao solo em plantas de mineração, na chamada ‘boca do britador’. Quando um bloco vai entrar nesse britador sem ter a forma ou a dimensão correta, é quebrado por esse braço controlado remotamente. “É plenamente viável utilizar esse tipo de tecnologia também em uma máquina móvel”, ressalta o diretor.

Saiba mais:
Flow: flowhidrojateamento.com
Intech: www.intech-engenharia.com.br
Lemasa: www.lemasa.com.br
Lubrimatic: www.lubrimatic.com.br
Machbert: machbert.com.br
Pramatech: www.pramatech.com.br

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