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Por que o Brasil ainda recicla tão pouco?

Legislação que prevê metas para descarte correto de resíduos completa 10 anos, mas na prática pouco mudou – o país recicla apenas 3% de suas 79 milhões de toneladas de lixo produzidas por ano

Revista Galileu

05/03/2020 11h00


Em agosto de 2020, a Política Nacional de Resíduos Sólidos completa 10 anos. Mas, a legislação que estabelece estratégias para a prevenção e a redução da geração de lixo, além de criar metas para enfrentar problemas ambientais, sociais e econômicos que decorrem do manejo inadequado dos descartes está longe de ter alcançado seu objetivo — especialmente quando o assunto é reciclagem.

O Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo por ano, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Deste total, a estimativa é de que somente 3% sejam de fato reciclados, sendo que o potencial é de até 30%.

“Não mudou muito a visão de que basta ter lixeiras e o sistema de coleta já está resolvido. Não está”, diz Ana Maria Luz, presidente do Instituto GEA — Ética e Meio Ambiente, organização que tem como finalidade desenvolver

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Em agosto de 2020, a Política Nacional de Resíduos Sólidos completa 10 anos. Mas, a legislação que estabelece estratégias para a prevenção e a redução da geração de lixo, além de criar metas para enfrentar problemas ambientais, sociais e econômicos que decorrem do manejo inadequado dos descartes está longe de ter alcançado seu objetivo — especialmente quando o assunto é reciclagem.

O Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo por ano, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Deste total, a estimativa é de que somente 3% sejam de fato reciclados, sendo que o potencial é de até 30%.

“Não mudou muito a visão de que basta ter lixeiras e o sistema de coleta já está resolvido. Não está”, diz Ana Maria Luz, presidente do Instituto GEA — Ética e Meio Ambiente, organização que tem como finalidade desenvolver a educação ambiental.

Os dados são alarmantes. O Brasil é hoje o quarto maior produtor de lixo plástico, segundo um estudo da World Wildlife Fund (WWF): são 11,3 toneladas por ano, das quais somente 1,28% são recicladas.

O número está bem abaixo da média mundial, de 9%. E, embora quase três quartos dos municípios façam algum tipo de coleta seletiva, a maioria se concentra no Sul e Sudeste. No Centro Oeste, menos da metade das cidades tem coleta seletiva.

Para piorar, em muitas localidades o serviço não abrange todos os bairros. Na prática, apenas 17% da população do país é atendida pela coleta seletiva, de acordo com um relatório de 2018 da ONG Compromisso Empresarial de Reciclagem (Cempre).

A cidade de São Paulo, por exemplo, tem desde 2014 duas grandes centrais mecanizadas de triagem com capacidade diária para até 250 toneladas cada, mas recebem somente metade desse volume, segundo João Gianesi Netto, presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP).

Se somadas à rede de cooperativas de catadores manuais, a capacidade chega a pouco mais de 700 toneladas, embora o número processado nunca chegue a isso.

“Onde está a falha?”, questiona Netto. No conjunto todo, de acordo com o próprio especialista.

“Qualquer programa de coleta seletiva depende que, primeiro, as pessoas pensem antes de jogar o resíduo no lixo para que ele seja separado desde a hora que cai na lixeira e, segundo, que ele chegue à reciclagem”, analisa a presidente do Instituto GEA.

O problema é que a maioria dos brasileiros ainda desconhece o funcionamento da reciclagem.

Uma pesquisa do Ibope de 2018 mostra que 66% da população sabe pouco ou nada sobre coleta seletiva, e 39% não separam o lixo. Outro levantamento, este de 2019 feito pelo instituto Ipsos, revelou que 54% dos brasileiros não entendem como funciona a reciclagem em sua região — no restante do mundo, esse índice é de 47%, em média.

“O sistema todo funciona mal porque não investimos em educação, se [o cidadão] não sabe nem o dia da coleta seletiva, ele não vai separar o lixo”, comenta Ana Maria.

Na outra ponta, porém, existe um desinteresse político e industrial no tema pela falta de vantagens econômicas da reciclagem. Enquanto algumas embalagens têm logística de reaproveitamento consagrada, como produtos de aço, alumínio e papelão, outras são descartadas pela falta de retorno econômico, como o plástico.

“Se o valor pago por elas é baixo, não há motivação para que catadores separem o produto”, diz Gianesi.

Daí uma das explicações para o Brasil ser um dos maiores recicladores de alumínio do mundo e o lanterninha quando o assunto é plástico: segundo a Cempre, 1 quilo de alumínio é vendido por R$ 3,7, em média; já a mesma quantidade de garrafas PET (segundo material de maior valor) rende, no máximo, R$ 1,8.

“É preciso haver um incentivo para que as pessoas atuem nessa área de negócios, com mecanismos que favoreçam as indústrias que consumam o material reciclado e o tornem competitivo em relação ao material virgem”, explica o presidente da ABLP.

Mas, não é tão simples: os próprios impostos do país são um empecilho. De acordo com Gianesi, o sistema tributário brasileiro taxa mais a matéria-prima reciclada do que a virgem, encarecendo o produto final.

Dá para comprovar isso com uma rápida pesquisa em uma loja de produtos de escritório por atacado: um pacote com 5 mil folhas recicladas custa R$ 229, enquanto a mesma quantidade de folhas feitas de material virgem sai por R$ 209.

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