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Revista GC - Ed.75 - Nov/Dez 2016
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Perspectivas 2017

2017: Uma Ponte sobre águas turbulentas

Líderes setoriais refletem sobre o futuro da economia do país e da indústria da Construção, em meio ao cenário turbulento e confuso

O ano de 2016 chegou ao fim, mergulhado em uma atmosfera de surpresas e inseguranças políticas e econômicas tão grande quanto à verificada no seu início.  Se internamente o período começou com as articulações para o Impeachment da presidente Dilma Rousseff – e todas as consequências ainda desconhecidas desta medida extrema – assistimos agora, ao fim do ano, à eleição improvável de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. O que vem por ai nem os mais experientes analistas políticos conseguem assegurar. Porém, mesmo nesse clima de incerteza em nível global, é chegada a hora de preparar o terreno para o novo ano.

Alguns sinais indicam que 2017 poderá trazer a esperança de retomada do nível de atividade econômica no País. Mas a realidade precisa conviver com o desejo. Na tentativa de antecipar as principais tendências para o ano novo, notadamente no setor da Construção, que representa em torno de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, a revista Grandes Construções ouviu alguns dos principais representantes deste setor da economia. Algumas visões são mais conservadoras que outras, mas, de uma forma geral, todos concordam que este será um processo lento e que, para o País voltar a crescer, serão necessários investimentos em infraestrutura, como resultado de parcerias entre governo federal e a iniciativa privada, além de planejamento, projetos consistentes e ambiente político e jurídico favoráveis.

Governabilidade e crescimento sustentado

José Romeu Ferraz Neto,

Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP)

Comparada à situação de paralisia registrada no primeiro semestre, hoje há uma expectativa positiva em relação à situação do país. Isso transparece nas diversas sondagens de opinião empresarial, inclusive a realizada pelo SindusCon-SP com a FGV junto à indústria da construção.

Entretanto, os números mostram a persistência da recessão, e seu agravamento na construção. São 24 meses de demissão contínua em nosso setor, e estimamos que ao final deste ano o número de desempregados da construção terá ultra


O ano de 2016 chegou ao fim, mergulhado em uma atmosfera de surpresas e inseguranças políticas e econômicas tão grande quanto à verificada no seu início.  Se internamente o período começou com as articulações para o Impeachment da presidente Dilma Rousseff – e todas as consequências ainda desconhecidas desta medida extrema – assistimos agora, ao fim do ano, à eleição improvável de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. O que vem por ai nem os mais experientes analistas políticos conseguem assegurar. Porém, mesmo nesse clima de incerteza em nível global, é chegada a hora de preparar o terreno para o novo ano.

Alguns sinais indicam que 2017 poderá trazer a esperança de retomada do nível de atividade econômica no País. Mas a realidade precisa conviver com o desejo. Na tentativa de antecipar as principais tendências para o ano novo, notadamente no setor da Construção, que representa em torno de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, a revista Grandes Construções ouviu alguns dos principais representantes deste setor da economia. Algumas visões são mais conservadoras que outras, mas, de uma forma geral, todos concordam que este será um processo lento e que, para o País voltar a crescer, serão necessários investimentos em infraestrutura, como resultado de parcerias entre governo federal e a iniciativa privada, além de planejamento, projetos consistentes e ambiente político e jurídico favoráveis.

Governabilidade e crescimento sustentado

José Romeu Ferraz Neto,

Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP)

Comparada à situação de paralisia registrada no primeiro semestre, hoje há uma expectativa positiva em relação à situação do país. Isso transparece nas diversas sondagens de opinião empresarial, inclusive a realizada pelo SindusCon-SP com a FGV junto à indústria da construção.

Entretanto, os números mostram a persistência da recessão, e seu agravamento na construção. São 24 meses de demissão contínua em nosso setor, e estimamos que ao final deste ano o número de desempregados da construção terá ultrapassado a marca de 1,1 milhão de trabalhadores, desde o início da crise.

Uma vez que a construção se caracteriza por seu longo ciclo de produção, não vislumbramos melhora imediata. No setor imobiliário, os números de vendas e lançamentos seguem mais baixos em relação ao ano passado, que já foi fraco. Na infraestrutura, os recursos públicos para investimentos se esgotaram e as novas concessões e Parcerias Público-Privadas tardam em sair.

Na habitação, ainda há alguma atividade derivada da retomada do Programa Minha Casa, Minha Vida. Graças aos recursos do FGTS, as atividades prosseguem nas faixas 2 e 3, e se iniciam as da faixa 1,5. Mas para a faixa 1 somente haverá novos recursos no ano que vem e o governo agora está buscando garantir recursos para primeiro retomar todas as obras que haviam sido paralisadas.

Sob este pano de fundo, estamos diante de dois cenários. No primeiro, que consideramos como sendo o mais provável, o governo obtém êxito nas iniciativas destinadas ao reequilíbrio das contas públicas, a inflação cede, os juros continuam em trajetória declinante, a oferta de crédito aumenta, o desemprego para de se elevar e o ânimo das famílias e dos investidores melhora.

Este cenário sinaliza o fim do ciclo de queda do PIB em 2017 e a retomada dos contratos da construção, mas que talvez só levem a um crescimento da atividade e do emprego do setor em 2018.

No outro cenário, menos provável, mas não totalmente impossível, o cenário acima não ocorre e a crise política recrudesce, levando a nova queda do PIB e, consequentemente, a mais recessão na construção.

De qualquer forma, sabemos que a retomada será lenta e ainda está condicionada à aprovação de reformas no âmbito macroeconômico. Mas acreditamos que o pior já ficou para trás.

Não havendo esperança de aumento dos exauridos recursos públicos, a grande saída será ampliar as concessões e as parcerias público-privadas. Elas poderão ocorrer tanto na ampliação da infraestrutura como no aumento da oferta de habitação popular. Neste item, ela pode acontecer via projetos de revitalização de empreendimentos já existentes ou construção de novos.

Quanto ao setor imobiliário, ele poderá receber novos investimentos se o governo persistir no reequilíbrio das contas públicas e sinalizar uma melhora expressiva do ambiente de negócios. Para tanto, espera-se o prosseguimento das reformas, como a da Previdência e a trabalhista.

A principal lição é a necessidade de restaurar e manter a credibilidade da política econômica, marcada por um equilíbrio fiscal que racionalize as despesas e busque aumentar as receitas, não mediante mais impostos, mas através da volta do crescimento econômico, atraindo-se capitais privados nacionais e estrangeiros, e promovendo o consequente aumento da arrecadação.

Perspectivas preocupantes para 2017

Francis Bogossian,

Presidente do Conselho Consultivo da AEERJ-Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro e vice-presidente da ANE – Academia Nacional de Engenharia

A situação do país é extremamente preocupante. Não me lembro de uma época tão atribulada como esta. Não há investimentos, nem perspectiva de investimentos para o setor de obras públicas em curto prazo. O déficit do Governo Federal é monumental. O Governo do Estado do Rio de Janeiro, além de não ter recursos para novas obras, não tem previsão de pagamento das obras já contratadas. No âmbito municipal, a Prefeitura do Rio de Janeiro, embora continue pagando os serviços contratados, encerrou, em 31 de outubro, o prazo para emissão de empenhos para este exercício. Na maioria dos municípios do Estado há atrasos de pagamento das obras já executadas.

Como em janeiro assumem novos prefeitos em quase todos os municípios do estado, a perspectiva, na melhor das hipóteses, é de que os pagamentos só sejam retomados e novas obras só venham a ser licitadas no segundo trimestre de 2017.

Os governos apostam em Concessões e Parcerias Público-Privadas, mas esta não é uma solução de curto prazo e não substitui o investimento público, apenas o complementa.

A grande lição que se tira disto tudo é que os administradores públicos, na época da bonança, com os preços das commodities agrícolas, minérios e petróleo em alta, deveriam ter investido em infraestrutura e não em custeio como aconteceu.

Obras paradas pedem intervenção emergencial

Íria Lícia Oliva Doniak

Presidente-Executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto (ABCIC)

Temos acompanhado os dados setoriais, tendo como referências principais o Índice de Confiança da Construção Civil (IBRE/FGV – Fundação Getúlio Vargas), organismo que também é responsável pela sondagem do setor que representamos, a indústria de estruturas, fundações e painéis pré-fabricados de concreto. Além desta fonte, acompanhamos as análises do Observatório da Construção Civil, trabalho realizado pelo Deconcic (Departamento da Construção Civil da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) do qual somos integrantes.

Ambos os indicadores demonstram que, neste momento, o índice de confiança do setor da construção civil está aumentando, reflexos que podemos considerar para o nosso segmento, com os dados já apurados pela sondagem a ser divulgada em 1º dezembro, com o lançamento do Anuário ABCIC 2016. O relatório Sondagem da Construção do IBRE/FGV, publicado em setembro, indicou que apesar de baixo, considerando os dados históricos, 74,6 pontos, foi o maior desde junho do ano passado.

Nos últimos cinco anos passamos, como setor, por momentos importantes, que demonstraram a necessidade das indústrias estarem preparadas para atender imediatamente fortes  demandas, em volumes e em complexidade de empreendimentos, tais como obras de BRTs, aeroportos, estádios e arenas que sediaram os eventos esportivos  mundiais, ocorridos no País. Em ambos os casos, o setor foi o principal fornecedor de estruturas. Vencemos não somente os desafios de prazo, mas especialmente o tecnológico.

Em paralelo, com volumes menores, mas em soluções de grande valor agregado, aptas pelo sistema SINAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnica), foram lançadas soluções que demonstraram total aderência à Norma de Desempenho, com duas soluções em painéis, no arcabouço dos sistemas inovadores.

Esta atuação – além do atendimento a segmentos já consagrados, como obras industriais, shopping centers, centros de distribuição e logística e também educação, destacando-se o programa em São Paulo da FDE e Fábrica de Escolas da Prefeitura do RJ – evidencia o quanto trabalhamos e o grande potencial de resposta da indústria. Em 2015 e 2016, face ao contexto político e econômico do Brasil, tivemos de administrar, rapidamente, em nossas estruturas, a redução expressiva de volumes de produção. Mas também nos dedicamos a entender  este momento e trabalhamos no Planejamento Estratégico do segmento, com visão de contingência para o curto prazo, mas de desenvolvimento para o longo prazo. Percebemos mudanças importantes, além de um histórico de mais de 50 anos de atuação no Brasil a ser estudado. Entendemos que este tem sido um tempo dedicado à sobrevivência, mas também ao preparo para uma retomada que começa a ser expressado pelo aumento do índice.

A construção civil e o nosso segmento são grandes geradores de empregos e de consumo de materiais, além de indutores de desenvolvimento. Com o lançamento do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) e das concessões de infraestrutura previstas para 2017 e 2018, e com a intensificação do Programa MCMV, esperamos que o governo consiga reverter o quadro de desemprego e recessão que agrava a situação de empregadores e trabalhadores da construção civil.

Compreendemos que as medidas de ordem geral em curso – como a fixação de um teto para gastos públicos, a reforma da previdência e o reequilíbrio fiscal – demandam um tempo incomensurável, nas articulações e ações imediatas. Porém, importantes obras em andamento ainda estão paralisadas ou paralisando por falta de recursos e demandam, não somente da esfera federal, mas também da estadual e municipal, uma intervenção emergencial. O impacto em toda a cadeia produtiva, desde as empresas de consultoria e projeto até os fornecedores de materiais e sistemas construtivos e construtoras, tem sido brutal.

A construção civil está sufocada

José Roberto Bernasconi

Presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva)

A situação do Brasil continua muito difícil, em relação à economia. A formalização da troca de governo pelo Congresso contribuiu para melhorar as expectativas econômicas. Sabemos que as imensas dificuldades do país, especialmente em relação à enorme crise fiscal que vivemos, não serão superadas no curto prazo. A aprovação pelo Congresso da PEC 241, que limita os gastos governamentais pelos próximos 20 anos, é fundamental. Ela será essencial para o Brasil sair da crise, que atingiu praticamente todos os setores da economia,  entre eles, o setor de arquitetura e engenharia consultiva, jogando o país numa situafraestrutura. Tudo dependerá da capacidade de o governo estipular as condições de retorno para os investidores, incluindo os investidores estrangeiros, que têm capital e disposição para investir na infraestrutura brasileira.

As principais lições que podem ser extraídas desse período recente são as de que a improvisação e o voluntarismo econômico trouxeram consequências muito negativas, políticas e econômicas. E, ainda mais importante, as lições de que o planejamento governamental sério, o rigor fiscal e a valorização do projeto completo de arquitetura e de engenharia como o único e insubstituível instrumento para a contratação de obras públicas com qualidade e transparência, são requisitos essenciais para a obtenção de resultados positivos para a sociedade brasileira.

Crescimento econômico depende  da modernização da infraestrutura

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, o caminho para a recuperação da economia passa por uma maior participação da iniciativa privada nos investimentos e na gestão de empreendimentos. No discurso de abertura do Seminário Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil, realizado no início de novembro, pela CNI, em parceria com o jornal Valor Econômico, Andrade enfatizou que a recuperação econômica está diretamente relacionada ao aprimoramento da infraestrutura nacional. “O restabelecimento da confiança na economia brasileira está associado à ampliação e à modernização da infraestrutura logística, energética e de saneamento básico”, frisou.

Ao lado do presidente da República, Michel Temer, Andrade frisou que a disponibilidade, os custos e a qualidade na oferta dos serviços de infraestrutura repercutem diretamente na competitividade do produto nacional e na atração de novos investimentos produtivos ao país. “O impacto da falta de expansão, de manutenção e de modernização desses serviços tem representado uma desvantagem competitiva do país em relação a seus concorrentes no mercado global”, disse.

Andrade mencionou dados preocupantes em relação à infraestrutura do Brasil, como o diagnóstico de que o país tem um total de 1.024 km de estradas pavimentadas por milhão de habitantes, contra 6.438 km por milhão de habitantes na Rússia, por exemplo.

Confiança

Em seu discurso, Michel Temer classificou como fundamental a participação da iniciativa privada no governo, por meio de concessões no setor de infraestrutura, e frisou que somente uma parceria entre os setores público e privado será capaz de superar o momento econômico adverso. "Neste quadro, é fundamental a participação da iniciativa privada. Nós sabemos que o poder público não pode fazer tudo sozinho. Podemos juntos vencer essa crise que tomou conta do país", afirmou.

Temer observou que tem conversado com frequência com o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, sobre a importância da retomada da confiança no país, que, segundo ele, passa fundamentalmente pela geração de empregos. "Quando se fala em gerar empregos, fala-se no incentivo à indústria. A superação dessa crise tão aguda exige um cuidado, um trabalho extraordinário que nos permita seguir adiante", disse. "O nosso grande problema é a confiança de que nós todos vamos trabalhar juntos para trazer a iniciativa privada para dentro do governo, mediante as concessões", acrescentou.

De acordo com Robson Braga de Andrade, o PPI, lançado oficialmente em setembro pelo governo federal, se mostra como um caminho para a reversão do atraso na agenda de infraestrutura, podendo acelerar as concessões e aumentar a participação do setor privado na infraestruturação dramática, com mais de 12 milhões de desempregados.

 

 

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