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Revista GC - Ed.44 - Dezembro 2013
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Especial - Andrade Gutierrez

História de sucesso no Brasil e no mundo

A Andrade Gutierrez completa 65 anos de importante participação na construção da infraestrutura brasileira, com vigor gerencial e saúde financeira invejáveis, buscando agora consolidar sua atuação em novos mercados no exterior

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Andrade Gutierrez é um grupo com presença global e operações e atividades comerciais em 44 países da América Latina, Europa, África, Ásia e Oriente Médio. Seu faturamento alcançou em 2012, último balanço divulgado, a casa dos R$ 16,829 bilhões 3,4% acima de 2011, além de uma receita líquida de R$ 13,980 bilhões e EBITDA de R$ 2,508 bilhões. Esses resultados abrangem os contratos globais de engenharia e construção e operações no campo das concessões, telecomunicações, energia, logística de saúde e saneamento. Na área de construção, a empresa lidera diversos dos mais importantes empreendimentos em execução, como a hidrelétrica de Belo Monte e a usina nuclear Angra 3.

Essas informações são de fato impressionantes. Mas não são suficientes para explicar como o sonho caboclo de três mineiros tornou-se uma realidade alicerçada por valores éticos e uma filosofia de trabalho que, agora, espalha-se pelo mundo. Para entender a trajetória da Andrade Gutierrez é preciso olhar para o Brasil de ontem e de hoje. As duas histórias são indivisíveis.

Fundada em dois de setembro de 1948, a empresa é fruto do sonho de três jovens estudantes de engenharia da época os irmãos Gabriel e Roberto Andrade e o amigo Flávio Gutierrez, que sem temer o tamanho do desafio, arregaçaram a mangas e partiram para construir uma empresa moderna em um país atrasado. Os três queriam emergir do Brasil Velho para o Brasil Novo. Roberto e Flávio já são falecidos. Mas sob a liderança de Gabriel Andrade os herdeiros, acionistas e funcionários esforçam-se para manter viva a mesma chama.

Lúcido, aos 86 anos de idade, Gabriel Andrade, um dos três fundadores, lembra-se quando, aos 21 anos, traçou os primeiros passos do que viria a se tornar uma das maiores empresas do País no futuro.  “O Brasil não tinha indústria. O Plano Joppert instituiu o Fundo Rodoviário Nacional (FRN). Nós vimos que a construção ia se tornar uma indústria. Procurei um colega que fosse amigo, tivesse dinheiro e disposição e convidei o Gutierrez. Propus que comprássemos algumas máquinas para fazer estradas. Essa empresa começou com o entusiasmo de dois estudant


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Andrade Gutierrez é um grupo com presença global e operações e atividades comerciais em 44 países da América Latina, Europa, África, Ásia e Oriente Médio. Seu faturamento alcançou em 2012, último balanço divulgado, a casa dos R$ 16,829 bilhões 3,4% acima de 2011, além de uma receita líquida de R$ 13,980 bilhões e EBITDA de R$ 2,508 bilhões. Esses resultados abrangem os contratos globais de engenharia e construção e operações no campo das concessões, telecomunicações, energia, logística de saúde e saneamento. Na área de construção, a empresa lidera diversos dos mais importantes empreendimentos em execução, como a hidrelétrica de Belo Monte e a usina nuclear Angra 3.

Essas informações são de fato impressionantes. Mas não são suficientes para explicar como o sonho caboclo de três mineiros tornou-se uma realidade alicerçada por valores éticos e uma filosofia de trabalho que, agora, espalha-se pelo mundo. Para entender a trajetória da Andrade Gutierrez é preciso olhar para o Brasil de ontem e de hoje. As duas histórias são indivisíveis.

Fundada em dois de setembro de 1948, a empresa é fruto do sonho de três jovens estudantes de engenharia da época os irmãos Gabriel e Roberto Andrade e o amigo Flávio Gutierrez, que sem temer o tamanho do desafio, arregaçaram a mangas e partiram para construir uma empresa moderna em um país atrasado. Os três queriam emergir do Brasil Velho para o Brasil Novo. Roberto e Flávio já são falecidos. Mas sob a liderança de Gabriel Andrade os herdeiros, acionistas e funcionários esforçam-se para manter viva a mesma chama.

Lúcido, aos 86 anos de idade, Gabriel Andrade, um dos três fundadores, lembra-se quando, aos 21 anos, traçou os primeiros passos do que viria a se tornar uma das maiores empresas do País no futuro.  “O Brasil não tinha indústria. O Plano Joppert instituiu o Fundo Rodoviário Nacional (FRN). Nós vimos que a construção ia se tornar uma indústria. Procurei um colega que fosse amigo, tivesse dinheiro e disposição e convidei o Gutierrez. Propus que comprássemos algumas máquinas para fazer estradas. Essa empresa começou com o entusiasmo de dois estudantes de engenharia, e mais o irmão de um deles, que contribuiu com grande experiência, fazendo essa empresa que, me parece, é um sucesso”.

O Plano Joppert, a que Gabriel Andrade se refere, é o Decreto no 8.463, de dezembro de 1945, publicado pelo então ministro do governo Getúlio Vargas, Maurício Joppert, da pasta de Viação e Obras Públicas. O decreto criou o Fundo Rodoviário Nacional (FRN) e reestruturou o DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem), tornando-o responsável pela execução da política rodoviária federal e pela aplicação dos recursos do fundo – 40% para a União e 60% para os estados.

Sob a tutela de Getúlio Vargas, o Brasil iniciaria um ciclo de forte desenvolvimento da infraestrutura, com a construção de hidrelétricas e a criação da Petrobrás. As obras rodoviárias ganharam forte impulso com a criação simultânea dos Departamentos de Estradas de Rodagem (DER), no âmbito dos estados, com papel semelhante ao do DNER. Em 1948, os municípios também passaram a ser beneficiários dos recursos do FRN.  De 1948 a 1988 os recursos do fundo, oriundos do imposto sobre a venda de combustíveis e lubrificantes, permitiram ao governo federal financiar a construção de rodovias, provocando uma expansão da malha pavimentada da ordem de 12% anuais, no período 1956-80.

“Nós começamos com a vantagem de contar com a terraplenagem mecanizada, enquanto os outros trabalhavam à mão, ...à mão e a carroça de boi. Não precisava ser muito inteligente para ganhar vantagem num ambiente desse”, afirma Gabriel Andrade. “E logo chegou o Soberano (trator Caterpillar) que está lá homenageado na sede da Andrade. Foi o primeiro trator de terraplenagem da empresa”, conta o fundador, com carinho.

A primeira obra realizada pela Andrade Gutierrez, em 1948, seria a canalização da Rua Rio Grande do Norte, a cargo da prefeitura de Belo Horizonte. A empresa dispunha então de uma máquina, um tratorista e dois ajudantes. Em seguida, surgiria a obra de urbanização das vilas Salgado Filho e São Francisco e, em 1949, a Vila Innecco. Os primeiros anos da empresa seriam marcados por compulsiva rotina de trabalho. Noites, dias e feriados se emendavam. Os sócios só pensavam em acertar o seu método de trabalho, melhorando-o a cada dia.  Eles dividiam-se nas diversas tarefas: Flávio e Gabriel ficavam na linha de frente dos canteiros. Roberto comandava a estratégia do negócio, contando, na retaguarda, com o contador Walter Melo.

O quinto elemento

O quinto elemento importante do grupo era justamente o trator Caterpillar D-6, conhecido como “Soberano”, o primeiro equipamento adquirido pela empresa e que operou sozinho ao longo de três anos. Em 1949, a Andrade Gutierrez já avançava em sua primeira obra fora da capital mineira: o aeroporto de Bambuí, em Minas Gerais. O trabalho era pequeno, mas foram necessários seis meses para movimentar 104 mil m3 de terra.

“O Gutierrez insistiu para não se por nome (na máquina) como Topa Tudo, Peito de Ferro, Homem de Aço. Ele queria sempre que as máquinas tivessem nomes delicados, porque se o operador achar que a máquina é muito forte, ele começa a meter ela na pedra e, assim, quebra a máquina”, explica Gabriel Andrade. Não é a toa que o trator Caterpillar D-6 tem um lugar especial reservado na sede original da empresa, em Belo Horizonte (MG), onde permanece exposto como um troféu, depois de ser aposentado com 62.751 horas, em 25 anos de uso. Como um mito, o equipamento mantém viva a memória da empresa.

Para entender a importância do trator em uma empresa como a Andrade Gutierrez, basta voltar nos idos de 1950, quando os equipamentos eram todos importados. Só a partir de 1960, é que o Brasil passaria a ter primeiros tratores nacionais. O passo decisivo para a fabricação das primeiras máquinas no País ocorreria com a fundição do primeiro bloco de motor diesel pela Sofunge, em 1955. Até então, pairava o mito de que seria “impossível” fundir bloco de motor em “país tropical”, porque em função das condições climáticas, eles “trincariam”.  O Brasil de então era eminentemente agrícola: dos 70 milhões de habitantes, 38 milhões habitavam nas áreas rurais.

No vácuo da modernização

Em Minas Gerais, o lema do então governador Juscelino Kubitschek era “energia e transporte”. O binômio sinalizava o que viria pela frente. Nesse período, a construtora assume a responsabilidade também pelo trecho chamado Lagoa Grande, atual Lagoa dos Ingleses. A obra da BR-3 foi viabilizada pelo consórcio com a construtora Alcino Vieira e consistiu na abertura de 12 km, o que para época, e para o tamanho da Andrade Gutierrez, era um desafio fabuloso.

Com a BR-3, a empresa entrou definitivamente para o seleto mercado de obras federais. A consolidação viria com a conquista da obra da Rio-Bahia. Os desafios enfrentados eram inéditos, chuva constante e trânsito intenso, representando um marco para o amadurecimento técnico da empresa que, já no início de 1960, expandia sua atuação por vários estados. O modelo sequencial de trabalho estava definido, garantindo grande velocidade: montagem de acampamento, corte, terraplenagem e asfalto.

Enquanto isso, o clima político no País esquentava. Em 1954, ocorre o suicídio de Getúlio Vargas. Dois anos depois, assume o novo presidente eleito, Juscelino Kubitschek, que marcaria sua gestão com seu perfil modernizador. JK inicia, em 1956, o maior projeto já visto na história do Brasil: a construção de Brasília, inaugurada em 1960. São anos de grande desenvolvimento em todos os setores, principalmente nas áreas industrial e de transporte. O lema de JK, 50 anos em cinco, alavanca a construção civil em todo o território nacional e as empresas organizadas, como a Andrade Gutierrez, aproveitam a boa maré.

“São inúmeras obras. Em vez de procurar pessoas naquele ramo, onde ninguém era tão bom, porque a construção mecanizada era um ramo novo no Brasil, nós procuramos pessoas que tivessem boa índole e muita vontade de aprender, de progredir. Acho que os peões mesmo é que inventaram isso: tínhamos um personagem que era o “Moita” uma pessoa que ia aprendendo com os outros, mas os outros não podiam saber que estavam ensinando. É porque as pessoas às vezes não gostam muito de ensinar, acham que o aprendiz pode ultrapassá-lo. Então, o “Moita” aprendia sem que o instrutor soubesse que estava ensinando”, continua Gabriel Andrade.

A empresa tinha nascido na hora certa, no lugar certo, inserindo-se definitivamente como um agente dessa história. Mas para enfrentar os novos desafios, os jovens fundadores sabiam que só conseguiriam avançar em ambiente tão agressivo se seus sonhos fossem também compartilhados por cada um dos seus operários. Esforçaram-se, então, para motivá-los a trabalhar com dedicação, agindo como se fossem os próprios donos do negócio, perseguindo o melhor resultado. Para compor o time, optaram por contratar pessoas dispostas a aprender e fazer junto com eles. Adotaram como filosofia fazer com que todos se sentissem parte do projeto de construção da empresa. Em razão disso, escolheram gente engajada, comprometida e dedicada, um dos vetores da companhia até hoje.

De 1948 a 1963, a construtora não recusou serviço. Entrou em todas as concorrências públicas lançadas no País. Em janeiro de 1961, JK passa a faixa presidencial a Jânio Quadros, ao mesmo tempo em que a empresa implanta um sistema de controle de racionalização de todo o seu planejamento e das atividades operacionais. O objetivo era obter produtividade. Passaram-se assim os primeiros 15 anos de atividades da Andrade Gutierrez, alicerçados no espírito empreendedor de seus fundadores. Mais do que abrir estradas e apontar caminhos, eles queriam fazer parte da história do País. E conseguiram.

Expansão para São Paulo

Nas décadas de 1960 e 1970, a Andrade Gutierrez conquista espaço e reconhecimento em São Paulo com obras como a do metrô. Ela é uma das seis escolhidas para executar a rodovia Castelo Branco, primeira autoestrada brasileira, que se tornou um marco na engenharia rodoviária nacional. Das pranchetas dos projetistas saltavam, além de rodovias e pontes, hidrelétricas como a Barragem de Ibirité, para a Petrobrás, que abriria uma importante brecha para a companhia fora do setor rodoviário.

“Nós pleiteamos construir usina hidrelétrica. Não conseguimos, fomos desprezados. O engenheiro hidrelétrico não se mistura com o rodoviário. Até que a Petrobrás foi fazer uma barragem na Refinaria Gabriel Passos (Regap). Nós conseguimos [o contrato] e, com isso, entramos para um seleto grupo de engenheiros que faziam barragem para hidrelétricas. Ai nós participamos da construção de Itaipu, que seria a maior hidrelétrica brasileira” orgulha-se o empreendedor.

A construção da Itaipu Binacional seria um dos primeiros grandes empreendimentos tocados pelo governo militar, que alavancam uma série de obras de infraestrutura, em momento conhecido como Milagre Econômico. O projeto foi considerado um trabalho de Hércules pela revista “Popular Mechanics”, dos Estados Unidos. A empreitada começou em 1974, com a chegada das primeiras máquinas ao canteiro de obras. Entre 1975 e 1978, mais de nove mil moradias foram construídas nas duas margens para abrigar os homens que atuariam na obra. À época, Foz do Iguaçu era uma cidade com apenas duas ruas asfaltadas e cerca de 20 mil habitantes. Em dez anos, a população passou para 101.447 habitantes.

“Acontece que as firmas mais poderosas fizeram um trabalho para que a nossa proposta fosse recusada. Mas a gente tinha um documento, provando a nossa capacidade para corte em pedra tão boa quanto a deles. O Roberto Andrade estava com medo de a gente ser rifado, e aí a gente entrou num avião com o Gutierrez e fomos descer lá em Assunção, Paraguai. Gozado que, andando na rua com o Gutierrez, uma pessoa nos cumprimentou na porta do hotel. Era o Sebastião Camargo, que já estava lá também. Ele ficou tão sem jeito que até chamou o Gutierrez de “Gutierrão”. O Roberto Andrade é que gostou e ficou uns dias chamando o Gutierrez de Gutierrão.”

Nos canteiros de obra, a primeira tarefa foi alterar o curso do Rio Paraná, removendo 55 milhões de m3 de terra e rocha para escavar um desvio de 2 km.

No domínio da construção civil, escavações e obras civis, Itaipu atingiu um índice de nacionalização, de praticamente 100%. Na área de fabricação e montagem dos equipamentos, o índice de nacionalização nunca foi inferior a 85%. O total de concreto despejado na barragem chegou a 12,3 milhões de m3, suficiente para concretar quatro rodovias do porte da Transamazônica.

“A primeira obra moderna que originou a construtora foi um trecho da estrada Belo Horizonte – Rio, e foi um sucesso. Depois teve a maior estrada que foi Manaus-Porto Velho, uma estrada de 800 km, naqueles alagadiços da Amazônia, e outras estradas para o Sul e para o Nordeste”, calcula Gabriel Andrade.

Durante o período do Milagre Econômico, ainda que sob ditadura militar, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a uma taxa média de 10% ao ano e a construção civil, a 15%. A empresa ampliou o número e o porte de suas obras. Firmou parcerias, a exemplo da Petrobras. E entrou na floresta Amazônica para mais um desafio: a construção da BR-319, rodovia de ligação entre Manaus a Porto Velho.

A diversificação passou a ser a palavra de ordem: pontes, barragens, metrô, refinarias, terminais marítimos, hidrelétricas e ferrovias passaram a ser construídos. Em 1975, a Andrade Gutierrez entrou na construção da Ferrovia do Aço, conhecida como Ferrovia dos Mil Dias, ligando Belo Horizonte a São Paulo e Barra Mansa. Este seria um dos últimos projetos idealizados pelo governo militar, mas realizado já na fase do governo civil de José Sarney.

Seu maior objetivo era facilitar o abastecimento de minério de ferro para as principais usinas siderúrgicas do Brasil a Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), em Cubatão (SP), e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), em Volta Redonda (RJ). A região a ser atravessada pela ferrovia era extremamente montanhosa. Muitos túneis e viadutos tiveram de ser construídos. Mas, em meio à crise política e econômica que se acirraria na transição para os anos 1980, os recursos acabaram e parte da ferrovia já terminada ficou abandonada durante vários anos.

Dentre os diversos empreendimentos de destaque da construtora do período estão a BR-116, ligando São Paulo a Curitiba; a Usina Hidrelétrica de Salto Osório; o projeto de irrigação do Vale do Rio Moxotó; o projeto de Irrigação Itiúba – Própria; a Via Arterial Oeste; o Complexo Industrial de Porto de Trombetas; a Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo; e a Usina Hidrelétrica de Emborcação

A conquista do mercado externo

A década de 1980 foi marcada por uma nova ordem política, com o movimento de redemocratização do País. No âmbito econômico, entretanto, o Brasil mergulhava em um longo processo inflacionário que obstruiria todas as possibilidades de investimentos. A Andrade Gutierrez, como todas as empresas contemporâneas do setor, percebeu a necessidade de buscar alternativas para continuar sua trajetória de crescimento. Essa foi a mola propulsora de um plano arrojado: o “AG 2000 - o desafio da Renovação”. Na prática, a companhia partiu para um intenso processo de internacionalização, mesmo sabendo que enfrentaria uma dura competição com os grupos globais mais capitalizados.

O primeiro contrato internacional foi firmado com o governo do Congo, na África, que teve como um dos episódios uma visita do ministro dos Transportes do Congo à rodovia Manaus-Porto Velho. O primeiro desafio da empresa no exterior guarda semelhanças com esse empreendimento: 120 km ligando

Epena-Impfondo-Dongou, nas florestas do país africano. Desse total, 26 km estavam situados praticamente dentro de terreno alagadiço. Prevaleceu a experiência de quem já havia vencido a selva brasileira. A empresa iniciaria as obras em 1984, com a montagem das duas vilas residenciais, com 700 brasileiros.

A primeira oportunidade na América Latina surgiria em 1984, na Bolívia: um trecho de 150 km da estrada Chimoré-Yapacani, para o Servicio Nacional de Camiños. Com o bom resultado alcançado na construção da rodovia, o caminho estava pavimentado para outros empreendimentos. Depois foi a vez de outra rodovia, a Mendez-Morona, na fronteira do Equador com o Peru. Na sequência, vieram obras na América Central, como o Aeroporto Internacional de Nassau, nas Bahamas.

“A gente sentiu que contribuiu. Que não foi um simples explorador e aproveitador. Aproveitamos sim, as oportunidades saudáveis. A gente tinha essa noção de que estava abrindo caminhos para a cultura, para a civilização, para a riqueza e formação de pessoas”, diz o fundador da Andrade Gutierrez.

Com a rápida expansão do braço internacional, a companhia percebeu a necessidade de organizar a gestão nessa área. Assim, em 1987, foi adquirida a companhia portuguesa Zagope, de menor porte, mas bastante conceituada e especializada em obras de arte, pontes e viadutos. Por meio da Zagope e de consórcios com empresas francesas, espanholas e inglesas, a AG fincou definitivamente seu nome no continente europeu, sem perder o foco no mercado brasileiro. Na Espanha, a Zagope executa a obra Túnel e Galeria de Emergência para a Obra Plataforma do Corredor Norte-Noroeste de Alta Velocidade.

Na Argélia, na África, por exemplo, a Zagope é responsável pelo Viaduto Transrhumel, na cidade de Constantine, considerada a mais importante obra de transporte daquele país. Em Angola, destacam-se as obras de infraestrutura, com obras de estradas e vias urbanas entre as províncias de Huíla, Cubango 9 e Luanda. A expansão é acompanhada por uma política de investimento na contratação de mão de obra local, para estimular a geração de renda, principalmente em países carentes da África.

Na América Latina, expande-se o número de contratos. Um dos destaques é a Siderúrgica Nacional e do Estaleiro Nor-Oriental para a PDV SA Naval, na Venezuela. No Peru, a companhia participa, entre outros projetos, do trecho da estrada San Alejandro-Neshuya e das obras de infraestrutura da mina Bayóvar, localizada no vilarejo de mesmo nome, no deserto de Shechura. Há ainda a Hidrelétrica de Las Placetas, na República Dominicana, e os aeroportos de Quito e Antígua, respectivamente no Equador e no Caribe.

Gabriel Andrade revela um segredo do êxito da empresa: “O sucesso da nossa empresa muito se deve aos seus funcionários. O segredo está na convivência, em conseguir inspirar confiança, fazer as pessoas se gostarem uns aos outros, gostarem da companhia”.

AG consolida vocação global

A partir de 1990, dissemina-se o processo de globalização da economia. O Brasil vive novo ciclo político, com a eleição de Fernando Collor de Mello, sucedido por Itamar Franco, e Fernando Henrique Cardoso. O momento é caracterizado pela abertura econômica, com o avanço das privatizações.

A estabilidade da moeda, a partir de 1994, indica um novo cenário para o País. A Andrade Gutierrez lança o plano AG 2000 - Plano de Modernização, com o objetivo de ampliar a competitividade e consolidar seu perfil empreendedor no ambiente de negócios da época. O período marca a diversificação do portfólio de negócios da empresa.

Entre 1995 e 1996, é elaborada a “Estratégia Corporativa”, que define focos de interesse, parâmetros de resultados e a organização interna para fazer frente aos desafios do mercado em constante mudança. É nesse contexto que a Andrade Gutierrez estabelece os pilares que sustentaria seu crescimento futuro: a companhia estabelece como vetor de atuação a área de Engenharia e Construção, mas abre novas frentes passando a atuar nos setores de Concessões e Telecomunicações, cujas projeções de mercado eram animadoras.

Na área de Engenharia, o avanço aconteceria por conta de projetos atrelados ao petróleo e de obras de infraestrutura centradas. Ao mesmo tempo, o grupo aumenta em muito sua participação em outros países da América Latina e da África, executando projetos de infraestrutura.

A primeira experiência de sucesso da AG Concessões foi por meio da CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), em que entrou com parceiras estratégicas, e que se tornou uma das maiores controladoras de rodovias sob concessão, na América Latina. A Ponte Rio-Niterói foi sua estreia neste nicho. A AG Concessões participa da administração de importantes vias brasileiras, como Dutra, Sistema Anhanguera/Bandeirantes, Castello Branco e outras.

Esse bem-sucedido modelo foi o ponto de partida para outros investimentos. A AG Concessões entrou no setor de Saneamento por meio da Dominó Holdings, ingressou como acionista da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e, mais tarde, na Water Port, onde atua no sistema de água e esgoto no Porto de Santos. Está presente na área de Energia (Light) e em gestão aeroportuária (Corporación Quiport, responsável pela gestão do atual aeroporto e construção do Novo Aeroporto de Quito, no Equador).

Em paralelo, outro forte braço de investimento ganhou corpo na AG, em direção ao setor de telecomunicações, quando foi estruturada a AG Telecom, em 1993. Em julho de 1998, a empresa adquiriu, por meio do consórcio Telemar, do qual era líder, a Tele Norte Leste, operadora de telefonia fixa em 16 estados brasileiros, reconhecida nacionalmente pela marca Oi.

No Brasil, a unidade Industrial de negócios conquistou a primeira obra, a Reduc (Refinaria Duque de Caxias), e iniciou uma parceria de sucesso com a Petrobras. Diversas obras foram somando-se ao portfólio da empresa, como trechos do Rodoanel, a construção do porto da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), o gasoduto Coari-Manaus e a execução das usinas hidrelétricas de Simplício (Rio Paraíba do Sul) e de São Salvador (Rio Tocantins).

Já com os pés no século 21, o Brasil saboreia uma fase de bonança em sua economia. A demanda e o investimento em infraestrutura crescem, dando lugar a vários empreendimentos. A Andrade Gutierrez mantém seu perfil agressivo de crescimento, inserindo-se em novos segmentos, como a logística hospitalar e o setor de defesa, consolidando-se na construção brasileira e internacional.

Grande virada

Desde 2003, na fase conhecida como “A Grande Virada”, a companhia passou a atribuir maior importância para a disseminação de seus valores, como uma forma de preparar a companhia para as consequentes mudanças de estrutura e expansão dos negócios.  Paixão, Excelência e Desempenho Econômico são elevados ao título de pilares da companhia. Em paralelo, a empresa reformula sua estrutura organizacional, estabelecendo novas unidades de negócios e transferindo a sede de gestão da construtora para São Paulo.

Antecipando a forte demanda por profissionais que ocorreria no País, no início da década, e seu papel competitivo no mercado, a companhia cria a Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas, voltada exclusivamente à gestão da carreira da equipe. São desenvolvidos programas e projetos que atendem às necessidades de evolução de todos os profissionais, dos vários níveis hierárquicos.

Numa outra ponta de atuação, em 2006, é criado o Fundo AG Angra, formado pelas empresas Andrade Gutierrez e Angra Partners, voltado a financiamentos de infraestrutura, um dos participantes da empresa Santo Antônio Energia, responsável pela Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. O empreendimento marca o início da companhia nos empreendimentos do setor.

Nova década

2010. O Brasil vive um novo ciclo de expansão de sua infraestrutura, com a diversificação dos investimentos públicos e privados. A companhia participa dos principais empreendimentos estratégicos do governo federal, como a hidrelétrica de Belo Monte. Outras obras “pipocam” por todo o País, como as obras de estádios que vão sediar a Copa do Mundo de 2014 e as intervenções urbanas vinculadas aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Sob o comando da terceira geração de acionistas da empresa, a AG desenha uma carta de princípios olhando para o futuro. Ela foi reelaborada com base nos ensinamentos e aprendizados de avós e pais que já tinham superado mais de 60 anos de atuação, diversos modelos de governos e circunstâncias econômicas. Surgiram assim os 12 princípios adotados dentro da companhia e um plano de disseminação da cultura organizacional, empregando processos e ferramentas de avaliação e monitoração que cobrem todas as unidades dentro e fora do Brasil.

Ao fecundar seus futuros gestores dentro da mesma filosofia dos fundadores, a companhia faz um mix entre o passado, o presente e o futuro. E lança as bases para que a Andrade Gutierrez se perpetue em qualquer ambiente de negócio, em qualquer parte do mundo. Do alto de sua sabedoria, Gabriel Andrade desvenda o que considera mais um segredo de tanto sucesso: “É de certa forma até meio piegas. Mas é o amor, de querer o bem das pessoas, ao invés de sugar o sangue das pessoas. Querer tratar como companheiro, como irmão. Acho que o segredo é só esse!”

Os 12 segredos da Andrade Gutierrez

Valores: Paixão, Excelência e Desempenho Econômico
Princípios: Dedique-se a Gente;
Seja Meritocrático;
Tenha Espírito de Dono;
Pense Grande;
Busque o autodesenvolvimento;
Faça e Exija tudo Bem Feito e com Qualidade;
Trabalhe Duro;
Entenda profundamente seu Cliente e transforme isso em Valor;
Cultive Relacionamentos de Longo Prazo;
Cultive e Proteja nossa Reputação;
Lute incansavelmente por Rentabilidade;
Defenda e Dissemine nossa Cultura, todos os dias, em todas suas ações.

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