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Revista GC - Ed.65 - Nov/Dez 2015
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Perspectivas

Opinião dos líderes

Concessão de rodovias: Lições e futuro

Flavio Freitas

Diretor de Desenvolvimento e Tecnologia da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR)

O ano de 2015 foi importante para o setor de concessão de rodovias: a primeira concessão, a Ponte Rio-Niterói, fez 20 anos e o contrato foi licitado novamente, numa prova indubitável da eficiência do programa. Somados contrato terminado e novo, já temos cinquenta anos de programa.

Há, no Brasil, 61 concessionárias (59 associadas à ABCR), administrando 18.992 km de rodovias. Mais de R$ 44 bilhões foram investidos e R$ 55 bilhões estão garantidos nos próximos cinco anos. Estes números significativos mostram um setor consolidado. Há, no entanto, necessidade de evoluções.

Em primeiro lugar, todos os agentes públicos e privados envolvidos com concessões de rodovias precisam se comprometer com o planejamento. Precisamos ter objetivos claros. A execução de novas concessões não pode ficar à mercê de vontades políticas e mudanças de governo.

Além disso, é também necessário considerar o modelo de parceria público-privada para rodovias em que o fluxo é insuficiente para gerar recursos compatíveis com os investimentos necessários. Nestes casos, deve haver participação complementar do governo. Há toda uma gama de PPPs possíveis e precisamos discuti-las, avaliar suas implicações e encontrar os melhores modelos para as diferentes rodovias.

Finalmente, é necessário trabalhar novas formas de cobrança para ampliar a base de pagantes e reduzir as tarifas. Em média, 30% dos usuários pagam pedágio. Esse percentual é ainda menor nas rodovias que cortam muitos centros urbanos. Os demais utilizam a rodovia em trechos onde não há cobrança. Já há tecnologia que permite cobrar por quilômetro rodado, dividindo os custos da rodovia entre todos os que a utilizam. Para implantar este sistema, no entanto, é imprescindível o esforço governamental para regularização da frota brasileira e a implantação do SINIAV, programa que ainda não saiu do papel.

Não há dúvida de que concessões são eficientes e que temos uma infraestrutura carente de investimentos vultuosos. Outro ponto pacífico é que é nece


Flavio Freitas

Diretor de Desenvolvimento e Tecnologia da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR)

O ano de 2015 foi importante para o setor de concessão de rodovias: a primeira concessão, a Ponte Rio-Niterói, fez 20 anos e o contrato foi licitado novamente, numa prova indubitável da eficiência do programa. Somados contrato terminado e novo, já temos cinquenta anos de programa.

Há, no Brasil, 61 concessionárias (59 associadas à ABCR), administrando 18.992 km de rodovias. Mais de R$ 44 bilhões foram investidos e R$ 55 bilhões estão garantidos nos próximos cinco anos. Estes números significativos mostram um setor consolidado. Há, no entanto, necessidade de evoluções.

Em primeiro lugar, todos os agentes públicos e privados envolvidos com concessões de rodovias precisam se comprometer com o planejamento. Precisamos ter objetivos claros. A execução de novas concessões não pode ficar à mercê de vontades políticas e mudanças de governo.

Além disso, é também necessário considerar o modelo de parceria público-privada para rodovias em que o fluxo é insuficiente para gerar recursos compatíveis com os investimentos necessários. Nestes casos, deve haver participação complementar do governo. Há toda uma gama de PPPs possíveis e precisamos discuti-las, avaliar suas implicações e encontrar os melhores modelos para as diferentes rodovias.

Finalmente, é necessário trabalhar novas formas de cobrança para ampliar a base de pagantes e reduzir as tarifas. Em média, 30% dos usuários pagam pedágio. Esse percentual é ainda menor nas rodovias que cortam muitos centros urbanos. Os demais utilizam a rodovia em trechos onde não há cobrança. Já há tecnologia que permite cobrar por quilômetro rodado, dividindo os custos da rodovia entre todos os que a utilizam. Para implantar este sistema, no entanto, é imprescindível o esforço governamental para regularização da frota brasileira e a implantação do SINIAV, programa que ainda não saiu do papel.

Não há dúvida de que concessões são eficientes e que temos uma infraestrutura carente de investimentos vultuosos. Outro ponto pacífico é que é necessário investir em projetos para retomada de crescimento e, neste ponto, o programa de concessões é fundamental. O cenário, portanto, é claro: é hora de tirar do papel novas concessões, para ajudar o País a reencontrar sua via de crescimento.

A Engenharia é a mola mestra do desenvolvimento

Francis Bogossian,

presidente do Conselho Consultivo da Associação de Empresas de Engenharia (AEERJ), RJ, vice-presidente da Academia Nacional de Engenharia (ANE) e Conselheiro Vitalício do Clube de Engenharia

A situação nacional é degradante, como venho alertando reiteradamente, em todas as oportunidades que tenho. A recessão da economia está provocando o fechamento expressivo de postos de trabalho, com um corte de cerca de 1 milhão de empregos nos últimos meses. Estudos da Dieese apontaram um crescimento de 87,4% nas contratações de engenheiros no período de 2003 – 2013, porém, a partir de 2014, já se registraram quedas nas contratações. Não há desenvolvimento sem engenharia e as demissões nas empresas do setor apontam o engessamento do desenvolvimento nacional.

Na década supracitada (2003/13), a expansão foi de 87,4% nos empregos formais da engenharia, expressivamente superior ao crescimento geral dos empregos no Brasil, que foi de 65,7%. Apesar destes números, que retratavam uma evolução favorável, os dados de movimentação do emprego formal do Caged já apontam o desaquecimento do mercado de trabalho formal para os profissionais de engenharia.  Em 2014, o saldo entre admitidos e desligados foi negativo, com perda de mais de 3 mil empregos.

De acordo com Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do Federação Nacional do Engenheiros (FNE), as informações devem ser interpretadas de duas formas: “Uma é que chama atenção para a posição conquistada pela engenharia ao longo de uma década, após amargar cerca de 25 anos de ostracismo.  A segunda é que devemos lutar para evitar que a profissão perca o protagonismo alcançado. É responsabilidade da engenharia unida oferecer saídas à crise econômica enfrentada pelo País e fazer ver aos nossos governantes, parlamentares e líderes empresariais que a solução está no desenvolvimento, na produção e no apoio à inovação e à produtividade”, declarou.

Em diferentes órgãos da administração pública, federal ou estadual e mesmo em muitos municípios, as obras públicas estão sendo paralisadas ou submetidas a atrasos injustificáveis de pagamento. Isto sem falar na desaceleração e até no congelamento de importantes obras da Petrobras dentre as quais cito a Refinaria de Pernambuco e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

Dentre as saídas e tentativas de solução para este importante problema, uma é a retomada das obras prioritárias, pois não se justifica, em hipótese alguma, parar obras em estágio avançado de construção, uma vez que o prejuízo da paralisação é muito maior que o ganho eventual que possa existir com a reavaliação do orçamento, conforme já se pronunciou o presidente recém-eleito para o Clube de Engenharia do Brasil, engenheiro Pedro Celestino.

As lições que tivemos no passado são dolorosas, pois o desenvolvimento, estancado por quase três décadas, causou o retrocesso da engenharia como carreira profissional. Assisti uma Escola de Engenharia que dirigi no final do século passado decrescer de mais de cinco mil alunos para menos de mil. Isso teve reflexos altamente negativos para o país, pois quando o desenvolvimento foi retomado, no início deste século, não tínhamos profissionais suficientes para preencher as vagas de trabalho. Lembro que as potências estrangeiras consideravam como medida de capacidade da cada nação o número de engenheiros que eram diplomados a cada ano. Enfim, quero acreditar que superaremos esta fase triste da nossa engenharia.

Trabalho e perseverança

Íria Lícia

Oliva Doniak

Presidente Executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Construção (Abcic)

A ABCIC representa a Construção industrializada de Concreto, as estruturas pré-fabricadas de concreto, os painéis e estacas pré-fabricadas. Trata-se de um setor que há mais de 50 anos está presente na construção civil brasileira. Vivenciamos nos últimos oito anos o chamado “boom” da construção civil que, a partir do final de 2013, começou a se deteriorar como efeito da economia que, já em 2011, começava a entrar em declínio.

Tivemos anos de crescimento econômico e baixa inflação, porém a tão sonhada reforma tributária que o país almejava não aconteceu. Hoje vivenciamos uma crise política, um cenário de incertezas, que vem trazendo impactos negativos no PIB da construção civil, que deve fechar 2015, segundo a previsão dos economistas, em retração de 7% e em torno de menos 3% também no próximo ano.

Dentro deste contexto, evidentemente nosso setor também se ressentiu. Tivemos uma queda em 2014, segundo dados apurados na sondagem realizada pela FGV a pedido do setor, de 3,2% - menos expressiva do que a da construção civil, considerando especialmente os dados do mercado imobiliário e da indústria de materiais de construção. A expectativa é de que 2015 e 2016 registrem quedas um pouco mais acentuadas. Todos conhecem este cenário, pois dados e números vêm sendo divulgados e de fato são importantes, trazendo consciência da realidade que é necessária para pautar o planejamento.

No entanto, há outro contexto que precisa ser mencionado, especialmente no caso da pré-fabricação em concreto, que é o histórico que, em contraponto com os dados, nos traz equilíbrio para nos pautar no momento atual.

Durante os 50 anos que mencionei acima, nunca houve em nosso país uma política de industrialização da construção civil. Pelo contrário, sempre foi vista a possibilidade de gerar empregos e não necessariamente de mão de obra qualificada, catalisada pelo sistema tributário que não possui isonomia em relação aos métodos tradicionais de construção, beneficiando sempre as construções realizadas integralmente no canteiro de obras e os sistemas de financiamento a longo prazo.

Isso perdurou por muitos anos até que, mais recentemente, com o aumento da demanda e a mão de obra insuficiente, o governo começou a clamar por mais produtividade na construção civil. Por outro lado, a pré-fabricação em concreto cumpriu um papel importante, sendo protagonista não somente do atendimento dos ousados prazos para a execução das obras dos eventos esportivos: Copa 2014 e Olimpíadas 2016, como também da mobilidade urbana, em especial dos aeroportos.

Cumprimos um papel importante e o setor se tornou mais visível não somente para a comunidade técnica, mas também para a sociedade de maneira geral. Trabalhamos muito e tivemos respostas, mas precisamos de demanda, de continuidade. Podemos atender ainda mais as necessidades do país se houver uma política voltada para a industrialização da construção civil. Os dados não podem nos intimidar, mas sim nos impulsionar a investir ainda mais em qualidade e tecnologia. Inovação será palavra de ordem para os próximos dois anos em nossas empresas, a fim de que estejamos preparados para um novo ciclo de retomada que certamente virá.

Para as novas gerações a mensagem é: trabalho e perseverança. São palavras que sempre estiveram presentes em nosso setor. As crises não podem nos paralisar e sim fazer com que trabalhemos mais, com mais eficiência em nossos processos, sejamos mais competitivos e inovemos mais a fim de conquistar novos espaços. Podemos morrer pelo caminho ou sairmos dela mais fortes. Temos que sair fortalecidos.

 

 

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