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Revista GC - Ed.14 - Abril 2011
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Métrica Industrial

Saneamento: salto quântico para universalização

Abocanhando cerca de 15% dos projetos de infraestrutura, o setor precisaria de muito investimento e otimização para atingir universalização em 2020, fato considerado difícil pelos especialistas.

A velha máxima de que obra enterrada não aparece continua valendo na área de saneamento. Uma pesquisa rápida, feita na edição online da Grandes Construções, mostrou que os leitores acreditam que o Brasil investe pouco no setor. Essa foi a opinião de 69% dos respondentes. Para a grande maioria deles, as participações da iniciativa privada – seja diretamente ou via PPPs ou parcerias público privada – seriam os modelos ideais para o avanço no segmento. Bom, a pesquisa citada é apenas um balão de ensaio, com amostragem reduzida, porém ela não está incorreta, considerando dois estudos recentes, produzidos por fontes diferentes. Ambos são de 2010, o que em termos de Brasil significa serem atuais. Apesar das diferenças, os dois só confirmam o fato de que saneamento, entre as áreas de infraestrutura, continua sendo o patinho feio.

O primeiro estudo é o do Anuário Exame 2010-2011 especialmente dedicado à infraestrutura. O levantamento lista 1,1 mil obras em andamento no Brasil, que totalizariam investimentos inicialmente previstos de R$ 296 bilhões. Embora seja responsável por quase metade das obras citadas, ou seja, 537 projetos, os investimentos em saneamento não chegam a 15% desses recursos. Na avaliação da revista, o setor anda a passos de tartaruga. Como seriam necessários cerca de R$ 180 bilhões para universalizar os serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto, a avaliação é de que o País teria que esperar 50 anos pela frente para dar conta do desafio. Isso realmente não é uma boa medida de desenvolvimento.

Na área de esgoto, a situação parece ser ainda mais critica do que o de abastecimento de água. O País simplesmente não consegue acompanhar o ritmo de crescimento da população, de acordo com a revista, pois em 2009 investiu somente R$ 2,6 bilhões nesse subsegmento, enquanto a demanda de valores para universalizar a coleta seria de R$ 49,8 bilhões. É um gap considerável e que mostra um país extremamente desigual, com cidades do interior do Sudeste com condições de primeiro mundo e capitais do Norte com cenários de quarto mundo.

A indicação de que saneamento não responde por mais de 15% dos investimentos em infraestrutura também é feito pelo BNDES, que


A velha máxima de que obra enterrada não aparece continua valendo na área de saneamento. Uma pesquisa rápida, feita na edição online da Grandes Construções, mostrou que os leitores acreditam que o Brasil investe pouco no setor. Essa foi a opinião de 69% dos respondentes. Para a grande maioria deles, as participações da iniciativa privada – seja diretamente ou via PPPs ou parcerias público privada – seriam os modelos ideais para o avanço no segmento. Bom, a pesquisa citada é apenas um balão de ensaio, com amostragem reduzida, porém ela não está incorreta, considerando dois estudos recentes, produzidos por fontes diferentes. Ambos são de 2010, o que em termos de Brasil significa serem atuais. Apesar das diferenças, os dois só confirmam o fato de que saneamento, entre as áreas de infraestrutura, continua sendo o patinho feio.

O primeiro estudo é o do Anuário Exame 2010-2011 especialmente dedicado à infraestrutura. O levantamento lista 1,1 mil obras em andamento no Brasil, que totalizariam investimentos inicialmente previstos de R$ 296 bilhões. Embora seja responsável por quase metade das obras citadas, ou seja, 537 projetos, os investimentos em saneamento não chegam a 15% desses recursos. Na avaliação da revista, o setor anda a passos de tartaruga. Como seriam necessários cerca de R$ 180 bilhões para universalizar os serviços de abastecimento de água e coleta de esgoto, a avaliação é de que o País teria que esperar 50 anos pela frente para dar conta do desafio. Isso realmente não é uma boa medida de desenvolvimento.

Na área de esgoto, a situação parece ser ainda mais critica do que o de abastecimento de água. O País simplesmente não consegue acompanhar o ritmo de crescimento da população, de acordo com a revista, pois em 2009 investiu somente R$ 2,6 bilhões nesse subsegmento, enquanto a demanda de valores para universalizar a coleta seria de R$ 49,8 bilhões. É um gap considerável e que mostra um país extremamente desigual, com cidades do interior do Sudeste com condições de primeiro mundo e capitais do Norte com cenários de quarto mundo.

A indicação de que saneamento não responde por mais de 15% dos investimentos em infraestrutura também é feito pelo BNDES, que tem uma janela privilegiada do setor, uma vez que participa direta ou indiretamente de vários financiamentos ligados à área. Os dados mais recentes do banco foram arrolados por dois economistas – Gilberto Borça Júnior e Pedro Quaresma – no estudo “Perspectivas de investimento em infraestrutura 2010-2013”. Segundo eles, no período citado o Brasil despenderia R$ 39 bilhões para saneamento básico, de um total de R$ 274 bilhões envolvendo também os segmentos de transportes (rodoviário e ferroviário), portos, energia e telecomunicações.

Mais otimista do que a avaliação da revista Exame, o estudo do BNDES indica que os investimentos previstos para 2010-13 dobraram em relação ao período de 2005-2008. Para os economistas, não apenas os investimentos do PAC influíram nessa melhoria, como também a oferta de crédito em volume adequado, os recursos não onerosos como os convênios com ministérios das Cidades e o forte ingresso, na avaliação do banco, do setor privado, que poderia responder por até 30% das concessões na próxima década, ou seja, até 2020.

Um ponto de vista do próprio setor, apontado no evento Conasa, em 2009, e que reuniu praticamente todos os players envolvidos no segmento – de concessionárias públicas e privadas a órgãos financiadores como o próprio BNDES e a CEF – não é muito otimista. Os especialistas apontaram que os investimentos necessários seriam por volta de R$ 10 bilhões anuais e os números reais (veja acima) não apontam para nem um terço disso.

Para a Associação Latinoamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aidis), o Brasil precisaria de um salto quântico para atingir a universalização em 2020. Mas mesmo assim, pode haver ações inteligentes que contribuam para minimizar o desafio. O exemplo da Aidis é claro: investir na redução de perdas. A diminuição em 60% das perdas atuais contribuiria com aproximadamente US$ 2 bilhões por ano a mais para se investir no segmento. Lembrando que a Aidis estima que o Brasil invista, em média R$ 6 bilhões, por ano no segmento, quando precisaria alocar pelo menos R$ 18 bilhões, considerando que atingiria a universalização em 2020.

 

Investimentos em infraestrutura

- Anuário Exame: 296 bilhões de reais – Saneamento 15%

- Estudo do BNDES: 274 bilhões – Saneamento 14,2%

 

Reduzir perdas pode ajudar a universalizar até 2020

- Brasil precisa investir R$ 18 bilhões por ano até 2020

- Investiria R$ 6 bilhões anualmente

- Redução das perdas de água em 60%: R$ 2 bilhões de ganho ao ano

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