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Agentes de transformação

Debate sobre o descarte de resíduos ganha o mundo, mas o Brasil ainda busca erradicar os lixões e, além de sofrer prejuízos ambientais, desperdiça um potencial elevado no segmento

Redação

08/10/2020 11h00 | Atualizada em 08/10/2020 18h47


Ainda sem solução à vista, os lixões constituem um problema ambiental grave no país, trazendo prejuízos ao solo, água e lençóis freáticos, além de facilitarem a proliferação de doenças como dengue, zika, leptospirose e outras. De acordo com Luiz Gonzaga, diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), a má gestão dos resíduos é prejudicial em todos os sentidos. “O país tem 3.257 lixões ativos, que deveriam ter sido erradicados em 2014”, comenta. “Sem dúvida, isso é um problema para o meio ambiente e para a saúde da população, mas também mostra a falta de responsabilidade das autoridades, que não priorizam a sua erradica

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Ainda sem solução à vista, os lixões constituem um problema ambiental grave no país, trazendo prejuízos ao solo, água e lençóis freáticos, além de facilitarem a proliferação de doenças como dengue, zika, leptospirose e outras. De acordo com Luiz Gonzaga, diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), a má gestão dos resíduos é prejudicial em todos os sentidos. “O país tem 3.257 lixões ativos, que deveriam ter sido erradicados em 2014”, comenta. “Sem dúvida, isso é um problema para o meio ambiente e para a saúde da população, mas também mostra a falta de responsabilidade das autoridades, que não priorizam a sua erradicação.”

Apesar da situação crítica, o mercado nacional de resíduos já conta com empresas e associações empenhadas em mudar essa realidade, por meio de tecnologia e gestão eficiente. “É um setor pronto para avançar”, avalia Gonzaga, que é o curador do Núcleo Resíduos Sólidos da BW Expo, Summit e Digital 2020.

A própria Abetre implementou há 6 anos um sistema online de rastreabilidade dos resíduos. O primeiro estado contemplado foi Santa Catarina, seguido por Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. E o próximo é São Paulo, com lançamento previsto para setembro. “Base para o SINIR (Sistema Nacional de Informações dos Resíduos Sólidos), o Manifesto de Transporte de Resíduos é uma extraordinária contribuição para sabermos para onde estão sendo levados os milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente”, observa o especialista. “Hoje, o MTR já é uma ferramenta de política pública obrigatória.”

POTENCIAL

De fato, a obrigatoriedade passou a valer para todo o território nacional com a publicação da Portaria nº 280, de 29 de junho de 2020. Trata-se de uma ferramenta online gratuita que possibilita a digitalização dos documentos declaratórios dos geradores, além de informar as movimentações e operações de gerenciamento dos resíduos.

Geração de energia a partir de resíduos tem potencial econômico relevante

Além dessa iniciativa pioneira, o especialista cita outros exemplos no mundo que podem servir de inspiração, ao realizarem a coleta, transporte, tratamento e destinação dos resíduos de maneira ambientalmente adequada. “Não é necessário descobrir a roda, basta que não concordemos que haja afastamento da massa de resíduos, sem responsabilidade”, diz Gonzaga. “É preciso reciclar na fonte, praticar a logística reversa, fazer com que todos participem da ação e não aceitem a procrastinação.”

Segundo ele, o potencial do Brasil é imenso. Isso porque juntas as áreas de coleta, transporte, tratamento, destinação e limpeza urbana equivalem a um mercado de R$ 25 bilhões por ano. Todavia, esse montante pode ser ainda maior, entre R$ 50 bilhões e R$ 70 bilhões, se considerados os investimentos em soluções tecnológicas para atender às demandas legais previstas para o futuro. Entretanto, para explorar esse potencial ainda é necessário superar muitos desafios, como o estímulo à sustentabilidade econômica e financeira, através da tarifa. “Não é possível vencer os desafios do segmento sem que haja o recurso necessário”, pondera Gonzaga.

A seu ver, a aprovação do novo marco regulatório do saneamento deve estimular as prefeituras a implementar a cobrança de tarifa para os serviços da gestão de resíduos, cuja prática é usual no mundo inteiro. “Geramos 79 milhões de toneladas/ano de resíduos, que não são aproveitadas”, aponta. “E a implantação da tarifa dará a sustentabilidade econômico-financeira para que se faça o que é preciso.”

ENERGIA

Até porque o resíduo pode ser usado, por exemplo, para a geração de energia, o que já ocorre em vários países. Para estimular a captação de energia a partir de rejeitos depositados em aterros sanitários, foi criada a Frente Brasil de Recuperação Energética de Resíduos (FBRER), uma aliança entre a Abetre e mais três entidades: Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) e Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Essas entidades firmaram um Acordo de Cooperação para Recuperação Energética de Resíduos com o Ministério do Meio Ambiente, visando a, entre outras iniciativas, coordenar esforços para a remoção de barreiras regulatórias que dificultam o aproveitamento dos resíduos.

O presidente da Abetre ressalta que a FBER é uma união de esforços entre associações fortes, experientes e que desejam melhorar a vida da sociedade brasileira. “Criamos a Frente porque compreendemos que os resíduos podem ser muito bem-aproveitados para geração de energia”, diz ele, destacando que o aproveitamento acontece não apenas por meio da reciclagem, quando há encaminhamento do resíduo para a realização do “blend” (que substitui o carvão coque nas indústrias de cimento), mas também pelo uso da fração orgânica, que é levada aos aterros para posterior produção de metano. “Aproveitamos o biogás e geramos energia elétrica”, ressalta Gonzaga.

Desse modo, o investimento em aterros sanitários regionais e recuperação energética pode eliminar desperdícios e fortalecer a economia circular. “Com um ano de funcionamento, os aterros que substituirão esses depósitos de lixo a céu aberto estarão aptos a produzir metano”, destaca. “E, com as usinas de biogás, podemos ter uma produção elétrica quase dez vezes superior à atual.”

Sobre a BW 2020, o curador ressalta a necessidade de transformação para que a sociedade compreenda seu papel. “Em geral, o brasileiro ainda joga lixo pela janela do carro ou em qualquer lugar”, critica. “Mas podemos contribuir para que o cidadão saiba diferenciar resíduos de lixo por meio de programas e ações bem-elaborados que se tornem agentes de transformação”.

O desafio do hidrogênio

A curadora do ‘Núcleo de Transformação Energética – Hidrogênio’ da BW Expo, Summit e Digital 2020, Monica Saraiva Panik, firmou novos apoios estratégicos para levar o tema ao evento. Para contribuir com a iniciativa, a SAE Brasil e a Ballard Power Systems decidiram criar o ‘Student H2 Challenge’, um desafio estudantil de mobilidade a hidrogênio. Para viabilizar a competição, a Ballard doou dez stacks (pilhas) de 2,1 kW. Além disso, também oferece apoio técnico e cursos online sobre a tecnologia. Todas as universidades inscritas já participam das etapas digitais. Contudo, somente dez serão selecionadas para as etapas presenciais – o que evidentemente considera o cenário da pandemia. O desafio final, com o anúncio do vencedor, acontece durante a BW 2020, em outubro.

Saiba mais:
BW Expo: www.bwexpo.com.br

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